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Conversas obtidas pela PF mostram como blogueiro bolsonarista conspirou para demissão de ex-ministro

Publicado em: 10/06/2021 20:37 | Atualizado em: 10/06/2021 21:00

 (Foto: CB / DA Press)
Foto: CB / DA Press
Um relatório da Polícia Federal, fruto do inquérito dos atos antidemocráticos - que apura ações  realizadas ano passado objetivando a efetivação de pautas inconstitucionais, como o fechamento do STF - apresentam, de acordo com informações divulgadas pela Veja, diversas conversas que explicitam a influência do blogueiro bolsonarista Allan dos Santos - acusado de disseminar fakenews - nas atividades da Secretaria Especial de Comunicação (Secom), comandada, à época, pelo ex-secretário de comunicação da Presidência Fábio Wajngarten, bem como sua influência  na demissão do ex-ministro da Secretaria Geral da Presidência da República (Segov), Carlos Alberto dos Santos Cruz. 

Mensagens obtidas no celular de Allan pela Polícia Federal mostram conversa realizada entre o blogueiro e o ex-secretário Wajngarten, no dia seis de maio de 2019, onde Allan aparece chamando o ex-ministro Santos Cruz de "fdp", em seguida pedindo para colocar o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) em seu lugar. Em outro momento, Allan aparece pedindo, com urgência, ao ex-secretário de comunicação que ligue "pro Dr Cabrera", advogado de Olavo de Carvalho, que ele classifica como sendo de "minha confiança", porque, de acordo com o blogueiro, Santos Cruz teria cometido ato de improbidade administrativa.

Ainda de acordo com as mensagens localizadas, outro episódio aponta mais informações falsas disseminadas contra o ex-ministro, dessa vez dizendo que o general estaria ofendendo o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido). Além do blogueiro, outro nome envolvido no episódio é o da ex-assessora especial do gabinete da Secretaria de Governo Carolina Gaia e Silva, que, de acordo com o relatório da PF, teria encaminhado ao blogueiro prints de conversas.

Os prints teriam sido tirados no celular "do interlocutor da conversa, o Coronel Varêda, chefe de Gabinete" do ex-ministro, informa o documento. "O que eu fiz, fiz pelo meu país", diz Gaia em parte da conversa com Allan. "Não concordo com as ações que vêm sendo tomadas pelo ministro e por alguns militares do governo, de clara sabotagem e traição". A reportagem tentou entrar em contato com Carolina, mas até a pubicação da matéria não obteve resposta. 

O ex-ministro Carlos Alberto dos Santos Cruz, em entrevista ao Diario, informou ainda estar lendo os documentos e que "sem dúvida nenhuma vou consultar um criminalista para apurar e mover ações contra todos esses crimes e as pessoas que estão envolvidas". De acordo com Veja, os ataques contra o general começaram após ele ter ignorado um projeto de financiamento de veículos de comunicação favoráveis ao governo Bolsonaro através da EBC (Empresa Brasileira de Comunicação). 

A demissão do general Santos Cruz ocorreu em 2019, que, à época, foi substituío pelo general Luiz Eduardo Ramos Baptista Pereira. Questionado sobre como recebeu as informações levantadas pela PF, Santos Cruz disse: "Não me afeta em nada, vergonha é o país ter esse tipo de gente sabotando a própria ação governamental". 
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