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Política
CPI

'Nunca houve comparação entre a pandemia e o Holocausto', diz Renan

Publicado: 25/05/2021 às 16:06

/foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

/foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

Após o relator da CPI da Covid, Renan Calheiros (MDB-AL), protagonizar uma discussão com os colegas logo na abertura da audiência desta terça-feira (25), ao comparar o julgamento de Nuremberg, que condenou autoridades nazistas após a Segunda Guerra Mundial, com a postura "negacionista" de "altas autoridades" no Brasil, o senador usou as redes sociais para explicar sua afirmação.
 
"Nunca houve comparação entre a Pandemia e o Holocausto. O Holocausto é incomparável", escreveu Renan.

Ao falar sobre a comparação dos julgamentos, Renan voltou a dizer que é "comparável, sim". Segundo ele, "assustadoramente comparável, a atitude de negação dos oficiais nazistas e de algumas autoridades que depuseram na CPI".
 
A declaração de Renan foi feita logo após a fala inicial da secretária de Gestão do Trabalho e da Educação do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, conhecida como 'Capitã Cloroquina'.
 
Ele começou ressaltando o genocídio de judeus sob comando de Adolf Hitler na época do Holocausto. 
 
"Nós estamos, aqui, participando de um colegiado com características jurídicas, mas também com natureza política e até policial. Nosso maior desafio nessa CPI, diria mesmo, nosso principal dever e nossa principal missão é fazer um julgamento justo, equilibrado e o mais técnico possível. Claro, ao fazermos isso, nossas conclusões terão uma consequência política inevitável. Mas, a política deve ser resultante e não motivação de nosso trabalho, seja qual for o nosso veredito final", iniciou Renan Calheiros.
 
Em seguida, ele relembrou personagens do holocausto. "Faço questão de trazer à memória de todos, nesse momento, talvez o julgamento mais conhecido de todos os tempos - o Tribunal Nuremberg, é um dos julgamentos mais famosos da história. Foi ali que o mundo procurou encontrar respostas para um crime até hoje inconcebível, o genocídio de seis milhões de judeus nos campos de concentração do regime nazista", disse.
 
"Eu quero lembrar um dos mais importantes personagens entre os réus de Nuremberg - Hermann Goering. Durante algum tempo, o número dois do Hitler. Leio abaixo, rapidamente, um trecho da Biblioteca Mundial sobre o comportamento de um dos mais altos oficiais nazistas durante o julgamento de Nuremberg. Lembrando que ele acabou se suicidando e não foi executado na cela, como estava previsto. Em várias ocasiões no decurso do julgamento, o acusado exibiu filmes dos campo de concentração nazista e de outras atrocidades. Todos os presentes acharam as imagens chocantes, incluindo Goering. Ele afirmou que os filmes deviam ser falsos, mas ninguém acreditou. Testemunhas como Paul Kerne e Hera Niuk tentaram descrever a personalidade de Goering como pacífica e moderada. Niuk referiu que era impossível opor-se a Hitler ou desobedecer às suas ordens e se fizesse seria executado alguém da sua família. Quando testemunhou a seu favor, Goering expressou a sua lealdade para com Hitler e insistiu que não sabia nada sobre o que tinha acontecido".
 
Renan Calheiros foi interrompido por senadores governistas, entre eles Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). O senador Fernando Bezerra (MDB-PE), líder do governo no Senado, ficou indignado com a comparação da ação no Senado com o genocídio que aconteceu na Alemanha. "Isso é uma coisa odienta. Não existe. Isso vai ficar registrado nos anais do Senado Federal. Qualquer paralelismo é um absurdo", revoltou. "Respeite os judeus", complementou Flávio Bolsonaro. 

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