Política
CPI
Em depoimento, Dimas Covas detalha dificuldades com o governo federal
Publicado: 27/05/2021 às 18:16

O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, em depoimento à CPI nesta quinta/Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado
O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, depôs nesta quinta-feira (27) na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, no Senado. Durante quase sete horas, Dimas falou que o Brasil poderia ter sido o primeiro país do mundo a começar a vacinação e comentou que o Butantan chegou a ter 5,5 milhões de doses prontas em dezembro."O Brasil poderia ter sido o primeiro país do mundo a iniciar a vacinação, não fossem os percalços que tivemos que enfrentar", declarou. Ele também citou a falta de apoio do governo federal ao imunizante.
Covas contou que, em 20 de outubro, foi convidado pelo então ministro da Saúde Eduardo Pazuello a comparecer a uma reunião onde foi anunciada que "esta seria a vacina do Brasil". "Havia a presença de vários governadores e parlamentares. Saímos satisfeitos com a evolução e achávamos que, de fato, tínhamos resolvido parte do problema", relatou. Porém, no dia seguinte, "houve uma manifestação do presidente da República dizendo que a vacina não seria incorporada", disse.
No dia 21 de outubro, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou: “Já mandei cancelar. O presidente sou eu, não abro mão da minha autoridade. Até porque estaria comprando uma vacina que ninguém está interessado por ela, a não ser nós”. Segundo Dimas Covas, o Butatan possuía, além das 5,5 milhões de doses prontas, mais 4 milhões em processamento. O objetivo, caso fosse fechado acordo com o governo federal, era fornecer 60 milhões de doses até o fim de 2020, chegando a 100 milhões em maio de 2021.
Questionado pelo presidente da CPI, o senador Omar Aziz (PSD-AM), o diretor do Instituto Butantan afirmou que o governo federal não 'não colocou 1 real' para a produção da CoronaVac, ao contrário do que ocorreu com o imunizante da AstraZeneca, desenvolvida pela Universidade de Oxford em parceria com Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que teve aporte de verbas.
"Coloca quase 2 milhões para uma vacina que ainda não estava aprovada pela Anvisa, mas não coloca 1 real porque era um vacina chinesa, que, graças à CoronaVac, milhões de brasileiros estão sendo vacinados", disse Omar.
O médico ainda confirmou que uma dose de reforço anual será necessária para todas as vacinas. Segundo ele, além de aumentar a duração da imunidade, a medida vai conferir proteção em relação às variantes do vírus. Perguntado sobre sua opinião em relação à chamada imunidade de rebanho – que ocorre quando uma parcela significativa de uma população fica imune a uma doença infecciosa limitando a sua propagação –, Covas disse que a eficiência da estratégia foi descartada. Ele também acredita que a pandemia ainda vai persistir durante 2021 e talvez no começo de 2022.
Dimas mostrou confiança em relação à ButanVac, vacina em fase de estudos no Butantan. "Precisamos de agilidade na análise dos dados pela Anvisa, dando a possibilidade de os brasileiros utilizarem essa vacina. Estou otimista em usar a ButanVac ainda este ano”, afirmou. “A ButanVac tem muito potencial. É uma vacina para o mundo”, completou.
Últimas

Mais Lidas
