Política

/Foto: Tom Cabral/Divulgação
Com uma votação expressiva que lhe concedeu o primeiro lugar entre os/as vereadores/as mais votados/as nas eleições municipais de 2020, no Recife, Dani Portela (Psol) dá sinais que 2022 pode significar a busca por maiores espaços na política pernambucana. “Vou participar possivelmente”, enfatiza. Construindo uma mandata – no feminino, como ela faz questão de frisar – antirracista, anticapitalista e anticapacitista na Câmara Municipal da capital pernambucana, Dani afirma que, sobre o pleito do próximo ano, está aberta às possibilidades que o partido lhe apresentar.
Em 2022, os eleitores vão escolher os próximos senadores/as, deputados/as estaduais e federais e os nomes que irão ocupar a cadeira de governador/a do estado e de presidente da República. Em 2018, Dani Portela concorreu à vaga para o Palácio do Campo das Princesas e, apesar de não ter ganhado, alcançou o terceiro lugar, o que rendeu maior visibilidade ao seu nome em Pernambuco. Sem confirmar uma possível recandidatura ao Executivo estadual, adiantou que são várias as possibilidades. Durante entrevista ao Diario, a parlamentar também comentou o trabalho que vem desempenhando na Casa de José Mariano durante os primeiros meses da 18ª legislatura, os encaminhamentos para a criação da primeira Comissão Permanente de Igualdade Racial da Câmara, bem como o primeiro Estatuto de combate ao racismo na cidade do Recife. Defesa de uma frente progressista de enfrentamento ao bolsonarismo e a atuação do governo federal durante a pandemia também foram temas do bate-papo com Dani Portela.
Mandata
Quando você é eleita com maior número de votos é uma responsabilidade social muito grande, isso traz uma visibilidade para o seu nome mas também um acompanhamento maior da mandata. O meu primeiro momento durante a primeira sessão de posse, foi com um discurso que chamo de discurso de reintegração de posse de um território político negado à população negra, às mulheres, às pessoas com deficiência, às religiosidades diversas. Somos uma mandata comprometida com o combate às desigualdades, entendendo que essas desigualdades são de classe, gênero e raça e que o racismo estrutura a sociedade. Esse é um elemento basilar para compreender minha atuação porque entendo o racismo como elemento estrutural de todas as desigualdades.
Atuações
Toda ação legislativa tem sido pensada para minimizar os efeitos da pandemia para os públicos que são prioritários para nós: negros e negras, mulheres, crianças pessoas com deficiência e LGBTQIA%2b. Então, nesse momento estamos voltados para que as ações legislativas sejam pensadas para minimizar os efeitos da pandemia nos grupos prioritários
Comissão
Minha atuação tem sido uma costura para que a Comissão Permanente de Igualdade Racial seja aprovada. Crio uma proposta de revolução para que haja uma comissão de enfrentamento ao racismo, entendendo essa pauta como central para enfrentar as desigualdades no Recife, que é a capital mais desigual do Brasil. É uma proposta que já está tramitando na Casa de José Mariano, já foi aprovada nas comissões de Legislação e Justiça e na de Direitos Humanos e agora estou esperando a votação no Plenário e, assim, ser aprovada pelos vereadores, tendo o olhar focado a essa questão racial em tempos de pandemia porque a população negra é a mais afetada nesse cenário atual.
Estatuto
Temos que olhar para a população negra de forma diferenciada e o Estatuto de Igualdade Racial seria um conjunto de legislações que buscam enfrentar o racismo estrutural que tem um abordagem étnico-racial, pessoas negras, indígenas não aldeados que vivem no recife, quilombolas, população cigana, precisamos ter um olhar mais crítico para essas realidades. Recife tem a maioria de população negra e ainda não tem um estatuo de igualdade racial. É um debate muito importante e Até o momento não tenho encontrado grandes resistências sobre o tema na Câmara Municipal do Recife até porque sou muito insistente em trazer esse olhar diferenciado. Tem sido bem acolhido, temos conseguido dialogar. Espero muito que o conjunto de vereadoras e vereadores do Recife aprovem a criação dessa comissão para facilitar a criação desse estatuto que já está em tempo de ser criado na capital pernambucana.
Eleições
Eu vou disputar possivelmente e estou à disposição da tarefa que o partido decidir pra mim. A decisão não é minha, é coletiva, onde escutamos os movimentos com quem organizamos, partidos políticos, movimentos sociais, entendendo que isso é um acúmulo adquirido pela candidatura a governadora em 2018. Nós somos um partido pequeno então o pouco significa muito porque somos bastante consolidados. Em 2018, nossa chapa conseguiu a segunda maior votação para o governo no país, uma votação que foi considerada histórica. Como não respondo por mim, não posso dizer se me candidatarei a governo, senado ou deputada. Se o partido quiser vencer outras barreiras e ter a primeira deputada federal do nordeste, já que em Pernambuco o PSOL nunca teve uma deputada federal, ou disputar novamente o governo, ou para deputada estadual... são múltiplas possibilidades.
Frente progressista
O ideal seria a ala progressista conseguir lançar um candidato único contra Bolsonaro. Claro que não é ilusório que o nome mais forte, hoje, para disputar Bolsonaro é o nome de (o ex-presidente) Lula (PT), principalmente tendo readquirido os direitos políticos, (após decisão do STF). Mas a gente precisa pensar em dialogar a nível estadual, local entendendo que esse cenário político é muito dinâmico. O maior desafio que temos é tirar o Brasil do mapa da fome, enfrentar a pandemia e colocar um freio nisso significa por um fim à política de morte do presidente Jair Bolsonaro. Tenho defendido a instalação da CPI, precisamos levar isso a sério e apontar os crimes de responsabilidade cometidas pelo governo federal no combate à pandemia. Também precisamos fortalecer o pedido de impeachment porque, pra mim, não deveria nem existir a possibilidade de Bolsonaro disputando as eleições de 2002.
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