Política
REPERCUSSÃO
Texto alusivo ao golpe militar de 1964 é rechaçado por políticos; confira
Publicado: 31/03/2021 às 10:48

/Leandro de Santana/ Arquivo DP
O novo ministro da Defesa, general Walter Braga Neto publicou, nessa terça-feira (30), a Ordem Alusiva ao 31 de março de 1964. O comunicado é um dos primeiros atos de Braga Neto à frente do novo cargo. No texto, o ministro faz referência ao golpe militar de 64.
Na publicação dos 57 anos alusivos ao golpe, Braga Neto afirma que "assim como todo acontecimento histórico, só podem ser compreendidos a partir do contexto da época". E continua afirmando que “Os brasileiros perceberam a emergência e se movimentaram nas ruas, com amplo apoio da imprensa, de lideranças políticas, das igrejas, do segmento empresarial, de diversos setores da sociedade organizada e das Forças Armadas, interrompendo a escalada conflitiva, resultando no chamado movimento de 31 de março de 1964”.
Essa publicação, inclusive, é rechaçada pelos políticos pernambucanos. O deputado federal Tadeu Alencar (PSB) utilizou suas redes sociais para expressar indignação quanto à publicação de Braga Neto. Em sua rede escreveu: “É um escárnio com o povo brasileiro. Período sombrio para o Brasil e que não merece nenhuma comemoração, só o repúdio da sociedade pelo seu trágico resultado”.
A deputada federal Marília Arraes (PT), condenou qualquer tentativa de celebração do golpe militar. "Nenhuma tentativa de encobrir a gravidade e a realidade que se abateu sobre o Brasil, em função do Golpe Militar de 1964 pode ser normalizada. A história, a memória, a verdade são testemunhas das atrocidades cometidas contra o povo brasileiro, em especial aos que se recusaram a abandonar a luta em defesa da democracia. Qualquer alusão a comemorações sobre o 31 de março faz parte de uma estratégia antidemocrática. É ainda mais grave quando isso parte de um representante do Executivo Federal", comentou.
A deputada federal Marília Arraes (PT), condenou qualquer tentativa de celebração do golpe militar. "Nenhuma tentativa de encobrir a gravidade e a realidade que se abateu sobre o Brasil, em função do Golpe Militar de 1964 pode ser normalizada. A história, a memória, a verdade são testemunhas das atrocidades cometidas contra o povo brasileiro, em especial aos que se recusaram a abandonar a luta em defesa da democracia. Qualquer alusão a comemorações sobre o 31 de março faz parte de uma estratégia antidemocrática. É ainda mais grave quando isso parte de um representante do Executivo Federal", comentou.
O deputado federal Carlos Veras (PT) destacou que "a liberdade de expressão não pode ser usada para subverter fatos históricos e permitir a comemoração da tortura. Isto é crime! Nosso papel é sacudir o ambiente para que se acorde desse nocaute que a democracia sofre".
Confira o texto publicado pelo novo ministro na íntegra:
Confira o texto publicado pelo novo ministro na íntegra:
MINISTÉRIO DA DEFESA
Ordem do Dia Alusiva ao 31 de março de 1964
Brasília, DF, 31 de março de 2021
Eventos ocorridos há 57 anos, assim como todo acontecimento histórico, só podem ser compreendidos a partir do contexto da época.
O século XX foi marcado por dois grandes conflitos bélicos mundiais e pela expansão de ideologias totalitárias, com importantes repercussões em todos os países.
Ao fim da Segunda Guerra Mundial, o mundo, contando com a significativa participação do Brasil, havia derrotado o nazi-fascismo. O mapa geopolítico internacional foi reconfigurado e novos vetores de força disputavam espaço e influência.
A Guerra Fria envolveu a América Latina, trazendo ao Brasil um cenário de inseguranças com grave instabilidade política, social e econômica. Havia ameaça real à paz e à democracia.
Os brasileiros perceberam a emergência e se movimentaram nas ruas, com amplo apoio da imprensa, de lideranças políticas, das igrejas, do segmento empresarial, de diversos setores da sociedade organizada e das Forças Armadas, interrompendo a escalada conflitiva, resultando no chamado movimento de 31 de março de 1964.
As Forças Armadas acabaram assumindo a responsabilidade de pacificar o País, enfrentando os desgastes para reorganizá-lo e garantir as liberdades democráticas que hoje desfrutamos.
Em 1979, a Lei da Anistia, aprovada pelo Congresso Nacional, consolidou um amplo pacto de pacificação a partir das convergências próprias da democracia. Foi uma transição sólida, enriquecida com a maturidade do aprendizado coletivo. O País multiplicou suas capacidades e mudou de estatura.
O cenário geopolítico atual apresenta novos desafios, como questões ambientais, ameaças cibernéticas, segurança alimentar e pandemias. As Forças Armadas estão presentes, na linha de frente, protegendo a população.
A Marinha, o Exército e a Força Aérea acompanham as mudanças, conscientes de sua missão constitucional de defender a Pátria, garantir os Poderes constitucionais, e seguros de que a harmonia e o equilíbrio entre esses Poderes preservarão a paz e a estabilidade em nosso País.
O movimento de 1964 é parte da trajetória histórica do Brasil. Assim devem ser compreendidos e celebrados os acontecimentos daquele 31 de março.
WALTER SOUZA BRAGA NETTO
Ministro de Estado da Defesa
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