Política
Pela primeira vez, a palavra "vereadora" será admitida nas carteiras funcionais da Câmara Municipal do Recife
Publicado: 18/02/2021 às 20:39

/Carlos Lima/ CMR
Um dos nomes mais conservadores da Câmara Municipal do Recife, a vereadora Missionária Michele Collins (PP) protagonizou um episódio inédito dentro da Casa de José Mariano. Por meio de uma iniciativa sua, as carteiras institucionais dos/as vereadores/as passarão a ter a nomenclatura do cargo parlamentar também no feminino com a adesão do termo vereadora. A chegada das novas carteiras está prevista para até o final deste mês.
"O número de mulheres vêm aumentando a cada legislatura e nada mais justo do que terem em suas carteiras o nome vereadora. É uma escolha muito natural e que já vinha sendo falada em outras legislaturas. Porém, são detalhes que só as mulheres percebem", destacou Michele.
A iniciativa surgiu através de uma conversa no grupo de whatsapp dos/as parlamentares da Casa de José Mariano, como explica o primeiro secretário da Mesa Executiva, Eriberto Rafael (PP), responsável pelas atividades administrativas da Câmara. "No whatsapp, coloquei um recado solicitando os dados dos/as vereadores/as para a confecção das carteiras institucionais e a vereadora Michele Collins questionou se existia a possibilidade de acrescentar o cargo no feminino. No primeiro momento, consultamos a opinião de todos/as, que concordaram e aprovaram a iniciativa", contou. "Essa foi uma atitude importante, reflexo da ocupação do espaço da mulher, que é onde ela quiser", completou Eriberto.
Apesar das pautas conservadoras defendidas por Michele Collins durante seus mandatos, as demais parlamentares que formam a bancada feminina afirmam que o posicionamento da parlamentar surge como resposta a uma vivência que atravessa cada uma delas, independente de ideologias: todas partilham a experiência de serem mulheres em uma sociedade ainda dominanda pelo machismo, como apontou a vereadora Cida Pedrosa (PCdoB).
"O fato de Michele Collins ser uma vereadora do campo conservador não significa que em outras lutas, como essa, nós não estejamos juntas, porque ela também sofre enquanto mulher. A inflexão de gênero é uma luta nossa que é permanente. Dilma Rousseff (PT), por exemplo, teve que lutar pra ser chamada de presidenta, isso faz parte da desconstrução do machismo", destacou Cida. Um episódio que, de acordo com a vereadora Ana Lúcia (Republicanos), contribui com a legitimidade da busca por mais mulheres nos espaços de poder. "Essa atitude de Michele Collins traz mais legitimidade para essa busca constante e prepara a Casa Legislativa para receber mais vereadoras".
Seguindo o mesmo raciocínio que as colegas de Casa, a vereadora Dani Portela (Psol) disse que a iniciativa é um avanço importante. "Se fosse na última legislatura, eu receberia uma carteira escrito "Vereador Dani Portela". Isso é sobre uma demarcação de um espaço que é político. Nós sete, que compomos a bancada feminina, somos vereadoras e não vereadores", pontuou a psolista. "E mesmo Michele Collins vindo de um campo conservador, precisamos entender o que nos une", finalizou.
Formada por sete mulheres, a bancada feminina da 18ª legislatura é a maior da história da Câmara Municipal do Recife, mas ainda está distante de um cenário paritário dentro da Casa, que das 39 cadeiras parlamentares que possui, 32 são ocupadas por homens. Porém, para Michele Collins as mudanças, mesmo que a passos lentos, contribuem com o fortalecimento da voz e atuação das mulheres nos espaços de poder, dando vazão para mudanças significativas, como a iniciativa defendida por ela e acatada unanimimente pela Câmara de Vereadores.
"Com uma bancada maior podemos construir e debater pautas com um olhar mais aguçado, mais delicado sobre as políticas públicas para as mulheres na cidade do Recife. Nós estamos abrindo o caminho para que outras cheguem", frisou.
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