Eleição na Câmara dos Deputados deixa Marília Arraes (PT) em situação delicada no partido
Publicado: 04/02/2021 às 14:50

/Bruna Costa/Esp.DP
A corda que segura Marília Arraes (PT) ao partido está prestes a torar. A metáfora serve para ilustrar o que vaticinou, em reserva, um membro da sigla à reportagem. A declaração foi dada logo após a deputada federal lançar candidatura própria na Câmara dos Deputados - onde obteve sucesso, sendo eleita segunda secretária. Há quem diga que ela “bateu de frente” com o partido ao se lançar. Por outro lado, há quem ateste que “ela fez o jogo dela” e a defenda “não está indo de encontro, está representando a sua causa”.
Para quem não se lembra, à época da formação do bloco que estaria na base de Baleia (MDB-SP), antes de sua dissolvição pelo novo presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), o nome de Marília (PT) era o indicado pelo partido para compor a Mesa. Logo após a decisão de Lira, o partido se reuniu e decidiu indicar outro nome: João Daniel (PT-SE). Acerca disto, um aliado político assinalou que “existe um problema aí… uma hora era Marília e, de repente, passa a ser outro”.
A candidatura foi bem sucedida. Marília (PT) foi eleita em segundo turno com 192 votos. Aliados próximos afirmam que o resultado que firmou a sua conquista ao cargo poderia ser “mais massacrante” se ela não tivesse “postado duras críticas a Lira em suas redes”. Em reserva, um líder partidário prognosticou o seguinte: “Marília está indo para um caminho sem volta…”, na mesma conversa, o parlamentar ressalta que a eleição de Arraes (PT) na Mesa “mostra que a força dela se sobressai ao partido e tem futuro para alçar caminhos políticos sólidos”. O congressista conjecturou "A vitória na Câmara pode significar uma derrota para ela na sigla.".
Depois do movimento feito pela deputada federal, a líder do Partido dos Trabalhadores (PT), Gleisi Hoffmann concedeu entrevista à coluna Painel, da Folha de São Paulo, onde salientou que a atitude da petista foi de encontro aos regimentos internos da sigla. “A atitude da deputada rompe procedimento estatutário do PT e isso terá de ser analisado nas instâncias partidárias”, destacou a líder nacional.
Questionada sobre as consequências da decisão de Arraes (PT) na Câmara, a deputada estadual Teresa Leitão (PT) afirma que, além de tudo, “se faz necessária uma vistoria sobre todo o processo”. Teresa (PT) salientou ainda que, para que haja uma saída “forçada” é preciso que protocolem pedido que deve passar pela análise da Comissão de Ética do PT. O que, segundo ela, ainda não fora feito, muito menos sinalizado internamente. “Isso ainda não foi feito. Marília estava no direito de concorrer avulsamente”, proferiu.
A deputada avalia que os rumos que ambas vitória e decisão de Marília estão tomando podem reverberar de forma negativa na sigla. “Claro que não é bom pro partido. Mas, a gente precisa analisar todo o roteiro e todos os procedimentos”, evidenciou. Outro correligionário, em reserva, disparou: “Ela segue querendo ser independente. As hastes dela precisam ser aparadas”.
Sobre a mudança no nome oficial do partido, Teresa (PT) avalia: "Acho que esse processo foi muito tumultuado. A bancada do PT tem mais de 50 deputados, só em uma reunião mais profunda é que vai ser analisado o fato”.
Posicionamento
A reportagem entrou em contato com a assessoria de Marília Arraes (PT) que, até o momento da publicação desta matéria, não se posicionou.

