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Por apoio financeiro, donos de TVs católicas oferecem mídia positiva a Bolsonaro

Publicado em: 07/06/2020 17:31

Padre Reginaldo Manzotti, da TV Evangelizar (Foto: Reprodução / Instagram)
Padre Reginaldo Manzotti, da TV Evangelizar (Foto: Reprodução / Instagram)
Com informações do portal Poder 360  
 
Proprietários de emissoras de televisão católicas pediram apoio ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em uma reunião por videoconferência no último dia 21 de maio. Na ocasião, os religiosos ofereceram, em troca, “mídia positiva” ao governo federal. As TVs católicas querem ajuda financeira para continuar operando. O teor da reunião foi divulgado em reportagem do jornal O Estado de São Paulo, no sábado (6).

Um dos participantes da conversa foi o padre Reginaldo Manzotti, dono da TV Evangelizar. O religioso pediu ao governo federal que aprove processos nas mãos da Casa Civil, para dar suporte às televisões católicas. Manzotti menciou, na ocasião, um projeto que altera o Sistema de Radiodifusão. Ele também pediu que fossem melhorada a frequência de rádios AM.

“Queremos estar nos lares e ajudar a construir esse Brasil. E, mais do que nunca, o senhor sabe o peso que isso tem, quando se tem uma mídia negativa. E nós queremos estar juntos”, afirmou Manzotti a Bolsonaro.

O Presidente da República prometeu aos participantes conversar com o chefe da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Fábio Wajngarten, além o ministro Marcos Pontes, de Ciência, Tecnologia e Comunicações. O governo designou o deputado Major Vitor Hugo (PSL-GO), líder do governo na Câmara, para articular as demandas das emissoras católicas. O parlamentar também participou da videoconferência e intermediou o encontro virtual.

Também no sábado (7), a Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) emitiu uma nota se posicionando em relação ao teor matéria do jornal O Estado de São Paulo sobre a reunião. O grupo afirmou que “não teve qualquer envolvimento” com a reunião dos empresários de comunicação católicos com Bolsonaro.

“Informamos que as emissoras intituladas “de inspiração católica” possuem naturezas
diferentes. Algumas são geridas por associações e organizações religiosas, outra por
grupo empresarial particular, enquanto outras estão juridicamente vinculadas a dioceses no Brasil. Elas seguem seus próprios estatutos e princípios editoriais. Contudo, nenhuma delas e nenhum de seus membros representa a Igreja Católica, nem fala em seu nome e nem da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, que tem feito todo o esforço, para que todas as emissoras assumam claramente as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil”, diz a CNBB em nota publicada no site da instituição.

A CNBB afirmou no texto que recebeu “com estranheza” a notícia da reunião e dos pedidos de dinheiro em troca de apoio explícito ao governo Bolsonaro. “Recebemos com estranheza e indignação a notícia sobre a oferta de apoio ao governo por parte de emissoras de TV em troca de verbas e solução de problemas afeitos à comunicação. A Igreja Católica não faz barganhas. Ela estabelece relações institucionais com agentes públicos e os poderes constituídos pautada pelos valores do Evangelho e nos valores democráticos, republicanos, éticos e morais”, continua a nota.

“Não aprovamos iniciativas como essa, que dificultam a unidade necessária à Igreja, no cumprimento de sua missão evangelizadora, “que é tornar o Reino de Deus presente no mundo” (Papa Francisco, EG, 176), considerando todas as dimensões da vida humana e da Casa Comum. É urgente, sim, nestes tempos difíceis em que vivemos, agravados diariamente pela pandemia do novo coronavírus, que já retirou a vida de dezenas de milhares de pessoas e ainda tirará muito mais, que trabalhemos verdadeiramente em comunhão, sempre abertos ao diálogo”, conclui a CNBB.
 

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