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Política
ACUSAÇÕES

Moro responde Bolsonaro e afirma que demissão de Valeixo 'nunca foi moeda de troca'

Publicado: 24/04/2020 às 18:18

Ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro/Foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press

Ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro/Foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press

Sergio Moro rebateu as acusações feitas pelo presidente Jair Bolsonaro, afirmando que o agora ex-ministro da Justiça e Segurança Pública teria condicionado a demissão do delegado Maurício Valeixo, do cargo de diretor-geral da Polícia Federal, a uma indicação para o cargo de ministro no Supremo Tribunal Federal (STF).
"A permanência do Diretor Geral da PF, Maurício Valeixo, nunca foi utilizada como moeda de troca para minha nomeação para o STF. Aliás, se fosse esse o meu objetivo, teria concordado ontem com a substituição do Diretor Geral da PF", escreveu Moro em seu perfil no Twitter.
"De fato, o Diretor da PF Maurício Valeixo estava cansado de ser assediado desde agosto do ano passado pelo Presidente para ser substituído. Mas, ontem, não houve qualquer pedido de demissão, nem o decreto de exoneração passou por mim ou me foi informado", completou o ex-ministro na mesma rede social.
Bolsonaro fez as afirmações contra o seu ex-ministro em pronunciamento no final da tarde desta sexta-feira (24). O presidente convocou a imprensa para falar, nas palavras dele, "a verdade sobre a demissão a pedido do Sr. Valeixo, bem como do Sr. Sérgio Moro".

"Mais de uma vez, o senhor Sergio Moro disse para mim: Você pode trocar o Valeixo sim, mas em novembro, depois que você me indicar para o Supremo Tribunal Federal", afirmou o presidente, em referência ao embate causado pela demissão de Valeixo da instituição, que é subordinada ao Ministério da Justiça e Segurança Pública. "É desmoralizante para um presidente ouvir isso. Mais, ainda, externalizar", acrescentou. 

Entenda o caso
Moro pediu demissão do governo após Bolsonaro demitir Valeixo do cargo de diretor-geral da Polícia Federal nesta sexta-feira (24). Segundo o ex-ministro, o presidente da República estaria interferindo diretamente no trabalho da instituição. 

A exoneração de Valeixo foi publicada em Diário Oficial ainda nesta madrugada, constando a assinatura do então ministro da Justiça e Segurança Pública, pasta a que a Polícia Federal é subordinada. Moro nega que tenha assinado o documento, que consta ainda o termo "a pedido". Valeixo nega que tenha pedido para deixar o comando da instituição. 

"O presidente me disse que queria alguém que fosse de seu contato, que ele pudesse ligar, ter acesso a relatórios de inteligência e isso não é papel do presidente. A autonomia da Polícia Federal, na aplicação da lei, seja a quem for isso, é um valor fundamental que temos que preservar em um estado de direito. Disse isso ao presidente expressamente. Não entendi apropriado. O problema não é alguém que entra, mas quem entra. Alguém que não consiga dizer não ao presidente me deixa dúvidas se vai conseguir dizer não em outras ocasiões", afirmou Moro em pronunciamento no qual oficializou sua demissão do governo.

Ainda segundo Moro, o presidente “informou que tinha problemas com processos em curso no STF e, por isso, seria prudente a troca na Polícia Federal".


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