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ENTREVISTA

Uso do fundo eleitoral para combater coronavírus é discurso populista, diz Silvio Costa Filho

Publicado em: 24/03/2020 17:52

Silvio Costa Filho também criticou a atuação do presidente Jair Bolsonaro na crise do coronavírus (Foto: Reprodução / Instagram)
Silvio Costa Filho também criticou a atuação do presidente Jair Bolsonaro na crise do coronavírus (Foto: Reprodução / Instagram)
Em entrevista à Rádio Clube nesta terça-feira (24), o deputado federal Silvio Costa Filho (Republicanos), afirmou não concordar com a destinação de recursos do fundo eleitoral para o combate à Covid-19 no Brasil. Para ele, esse uso de recurso só seria válido se as eleições municipais forem adiadas para 2022, ocorrendo junto da para presidente, governadores, senadores e deputados federais.

“Não tem sentido você mexer agora no fundo eleitoral se a campanha tiver que acontecer. Por quê? Porque você hoje não tem mais o financiamento privado. Ele acabou. Na hora em que passa a não ter o financiamento público, como é que vão ser feitas as eleições no Brasil?”, questionou Silvio Costa Filho.

Ainda na semana passada, um grupo de deputados do PSL apresentou uma série de projetos de lei com essa proposta. A medida também vem sendo defendida por parlamentares como a senadora Simone Tebet (MDB-MS), que preside a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, além dos senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Major Olímpio (PSL-SP), que apresentaram projetos de lei nesse sentido nos últimos dias. 

“Para mim seria muito mais fácil, muito mais cômodo, fazer esse discurso populista. Mas a gente sabe o que é uma eleição para um prefeito de uma capital, uma eleição para prefeito das cidades, você tem a mobilização de militância, você tem carro de som, você tem o custo do horário eleitoral. Tudo isso se tem despesas. É esse debate responsável que a gente precisa fazer”, argumentou o republicano.

Silvio Costa Filho criticou a atuação do Presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no início da crise do coronavírus no Brasil. “A hora é de unir o Brasil para enfrentar esse momento difícil do ponto de vista da saúde pública e do ponto de vista econômico. Eu acho que o Presidente tem errado nessa briga permanente com a imprensa. Ele tem se colocado mal muitas vezes. Eu nunca vi um Presidente da República, eu digo isso porque digo lá também em Brasília, todo dia parar para dar uma entrevista, falar… Isso não ajuda. Eu acho que esse momento exige equilíbrio e maturidade”, pontuou o deputado.

Para o parlamentar, contudo, a postura de Bolsonaro tem mudado com o avanço da pandemia. “De dois, três dias, pra cá, a gente percebe que a retórica do Presidente mudou, que de fato ele está tentando fazer esse movimento de chamar todo mundo para uma reunião, para assentar a mesa…. Esse é o caminho correto. É o caminho do diálogo, até porque o nosso inimigo é o coronavírus, não está entre a gente [os políticos]. A eleição a gente vai discutir em 2022, na hora certa”, avaliou.

O deputado também comentou sobre a origem dos R$ 88 bilhões, anunciados pelo governo federal na segunda-feira (23), para serem usados em medidas de combate ao novo coronavírus. “O governo está sinalizando que os recursos serão oriundos do pré-sal. Esse ano o Brasil tem um ativo do pré-sal, e o país tem R$ 90 bilhões de recursos para despesas discricionárias, ou seja, o governo pode gastar como quiser. As informações que temos é que o dinheiro sairá dessas fontes. Paralelamente, o governo tem estudado a possibilidade de mexer em alguns fundos que estão guardados, sem ter movimentação. A gente espera que parte desse recurso também possa ser destinado contra o coronavírus”, afirmou.

Também na segunda (23), Costa Filho anunciou o envio para Pernambuco de R$ 1 milhão em emendas parlamentares para que sejam destinadas ao combate à Covid-19 no Estado. “Eu, por dever de justiça, encaminhei esse recurso - que deve estar chegando na primeira semana de abril - porque eu penso que o momento agora é de unidade. É de ajudar Pernambuco, e eu torço para que os deputados estaduais e federais possam fazer uma ampla mobilização para também alocar recurso para a saúde”, disse.

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