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DIPLOMACIA

Bolsonaro sobre Xi Jinping: "Reafirmamos nossos laços de amizade"

Publicado em: 24/03/2020 11:04 | Atualizado em: 24/03/2020 11:19

O contato ocorre após o deputado federal Eduardo Bolsonaro ter dito que a culpa pela pandemia do novo coronavírus é do Partido Chinês Comunista. (Foto: SERGIO LIMA/AFP)
O contato ocorre após o deputado federal Eduardo Bolsonaro ter dito que a culpa pela pandemia do novo coronavírus é do Partido Chinês Comunista. (Foto: SERGIO LIMA/AFP)
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ligou na manhã desta terça-feira (24) para o presidente da China, Xi Jinping. O contato ocorre após o deputado federal Eduardo Bolsonaro ter dito que  a culpa pela pandemia do novo coronavírus é do Partido Comunista Chinês. Bolsonaro postou uma foto do momento no Twitter, dizendo que 'reafirmou os laços de amizade' com o país ocidental.

“Nesta manhã , em ligação telefônica com o Presidente da China, Xi Jinping, reafirmamos nossos laços de amizade, troca de informações e ações sobre o covid-19 e ampliação de nossos laços comerciais. @TerezaCrisMS @ernestofaraujo @rsallesmma”, escreveu Bolsonaro, posando ao lado da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles e o chanceler, Ernesto Araújo.

O presidente não deixou claro se se desculpou com o líder chinês e disse ainda que durante a ligação, houve trocas de informações sobre o novo coronavírus.

Na última sexta-feira (20), o chefe do Executivo brasileiro negou que a crítica à China feita pelo filho “03” tenha estremecido a relação diplomática com o país. Na ocasião, ao questionado se pretendia entrar em contato com o líder da China, Bolsonaro deu a entender que, caso o fizesse, seria para conversar sobre medidas tomadas por Jinping para o controle da doença no país e para a aquisição de materiais excedentes para combate do Covid-19.

“Nós mesmos estamos fazendo contato com a China porque eles estão agora com material excedente lá, não tem problema nenhum com a China. Não quero criar um clima com o agronegócio. Não tem nada. Sem problema nenhum”, apontou.

Bolsonaro disse que avaliava uma ligação para o presidente chinês, Xi Jinping. Ainda assim, o chefe do Executivo disse que não via motivo para crise. “Primeiro, qual é a causa? Não há nenhum problema com a China. Zero problema com a China. Se tiver que ligar para o presidente chinês, eu ligo sem problema nenhum. Qual é a acusação?Qual é o motivo desse problema? Que o vírus teria nascido na China. É esse o motivo da crise? Vocês tem escrito há mais de dois meses que o vírus nasceu na China”.

Bolsonaro foi perguntado diversas vezes se acreditava ser culpa da China a crise do novo coronavírus. Ele disse que é comum a alegação de que a transmissão do vírus começo na China e que a mídia noticiou o fato por várias vezes, mas que não emitiria opinião sobre o assunto. Segundo Bolsonaro, não partiu dele a acusação.

“Se houver necessidade. Tem uma necessidade muito maior, a questão do vírus que a curva está em descendência, os hospitais estão sendo desativados. O que for utilizado para chegar nesse ponto, se houver necessidade eu ligarei ligarei sim sem problema nenhum. Sem problema nenhum não. Faz parte do meu ofício tomar uma atitude como essa”, concluiu.

O embaixador da China no Brasil, Yang Wanming também publicou por meio do Twitter um registro. Dessa vez, uma foto do líder brasileiro e chinês apertando as mãos, com a legenda: “Agora, o Presidente da China Sr. Xi Jinping e o Presidente do Brasil Sr. Jair Bolsonaro estão na ligação telefônica para trocar opiniões sobre os importantes temas de interesse comum”.

Primeiro contato recusado
Na última sexta-feira (23), o governo chinês classificou as palavras do deputado federal Eduardo Bolsonaro nesta sexta-feira (20/3), de "imorais". Desde então, o Itamaraty tentava, sem sucesso, um contato institucional entre o presidente Bolsonaro e Xi Jinping, a fim de dissipar o mal-estar criado pelas declarações de Eduardo. Uma nota divulgada pela embaixada, evidenciou a tentativa de Araújo de colocar Bolsonaro na linha com o presidente chinês. “A parte chinesa não aceitou a gestão feita pelo chanceler Ernesto Araújo na noite do dia 18”, informou o documento.

Para o governo chinês, “as palavras do Eduardo Bolsonaro causaram influências nocivas, vistas como um insulto grave à dignidade nacional chinesa, e ferem não só o sentimento de 1,4 bilhão de chineses, como prejudicam a boa imagem do Brasil no coração do povo chinês”

Bolsonaro então disse que tentaria contato nesta semana com Xi Jinping, mas para tratar sobre a compra, importação ou doações de materiais excedentes para combate ao coronavírus no Brasil.

Pedido de desculpas
No dia 18, o deputado Eduardo Bolsonaro utilizou o Twitter para tentar se desculpar com o embaixador da China no Brasil, Yang Wanming após as rusgas.Eduardo, que preside a Comissão de Relações Exteriores, com influência direta na política externa brasileira, disse que não ofendeu o povo chinês e que ‘tal interpretação é totalmente descabida’. Ele ainda escreveu que ‘compartilhou postagem que critica a atuação do governo chinês na prevenção da pandemia, principalmente no compartilhamento de informações que teriam sido úteis na prevenção em escala mundial’. No entanto, Eduardo voltou a arriscar a diplomacia entre os países e atacou o chanceler ao dizer que o embaixador não rebateu os argumentos colocados por ele, e que ‘apenas demonstrou irritação com o post e direcionou erroneamente suas energias no compartilhamento de posts ofensivos à honra da família dele’. 

“Assim, mesmo vivendo numa democracia com ampla liberdade de imprensa e expressão, não identifiquei qualquer desconstrução dos meus argumentos por parte do embaixador chinês no Brasil”, escreveu. O parlamentar ainda emendou dizendo que ‘jamais teve a pretensão de falar pelo governo brasileiro’. 
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