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Ex-governador de Pernambuco classifica de fenômeno mundial a crise que atinge as democracias

Publicado em: 09/09/2019 18:02

Foto: Leandro de Santana/Esp. DP
Joaquim Francisco Cavalcanti classifica de fenômeno mundial a crise que atinge as democracias. E credita o que está acontecendo à força da internet “onde milhões de narcisos tumultuam o fluxo das notícias e, consequentemente, atrapalham governos e apavoram as pessoas que acreditam em tudo o que encontram na rede de computadores”. Para ele, chegou a hora da mídia de conteúdo, da mídia tradicional, como rádios, jornais, revistas e TVs, ocupar o espaço que hoje é dominado pelas  redes sociais e demais ferramentas do mundo virtual, onde “pessoas de má-fé  prometem soluções para a população que sonha com resultados imediatos, o que só faz atrapalhar e, muita vezes, infernizar a vida de muita gente.” Ex-governador de Pernambuco, ex-ministro da Integração Nacional, ex-prefeito do Recife duas vezes e ex-deputado federal, ele acha que, apesar dos transtornos que o Brasil está passando, não é pessimista com o cenário político nacional: “Não enxergo as beiradas do caos ou falta de rumo. Ao contrário, sinto bons ventos soprando”. Filiado ao PSDB, Joaquim Francisco não esconde  que  tem simpatia por Jair Bolsonaro, apesar de discordar do estilo algumas vezes truculento e quase sempre conflituoso do capitão: “Mesmo assim, o governo dele está provocando muitas mudanças e o Brasil precisa de mudanças mesmo, precisa se encontrar, sair da mesmice, encontrar os caminhos para continuar crescendo e se desenvolvendo”.

Bolsonaro, Collor e Lula
Não acho que Bolsonaro, Collor e Lula sejam parecidos no jeito de falar ou tomar algumas resoluções. Mas tenho que admitir que Bolsonaro e Collor, sim, têm semelhanças, na maneira de mostrar força, porque não se controlam e partem para cima de quem discorda deles. O  tão falado estilo bateu-levou, marca registrada do governo Collor, a intolerência com a imprensa, o jeito politicamente incorreto de se expressar são bem visíveis nos dois, o que não significa que Lula também não se enquadre, em alguns momentos, neste figurino. Só que, com Lula, os rompantes de Collor e Bolsonaro não eram tão frequentes, e o petista, que passou a vida comandando a luta sindical, começou a governar com mais calma do que os sucessores. Mas, de um maneira geral, homens empoderados geram turbulências e os três, neste aspecto, se assemelham.  

Mudanças à vista
Quando digo que estou sentindo bons ventos, quero dizer que as coisas estão começando a melhorar. Aos poucos, é verdade, mas estão. Nós estamos retomando o emprego, lentamente, porém as estatísticas dizem isso. O presidente entregou o país a mãos sensatas na área econômica, mãos que têm rumos; entregou a Justiça a Sérgio Moro, não desistiu da  batalha da Lava-Lato. Retomou, por vias indiretas, o protagonismo do Congresso, a Petrobras voltou a ter lucro, o BNDES também. O agronegócio vai de vento em popa, o Brasil voltou a se aproximar dos Estados Unidos. Isso foi importante, e ele também não se afastou da China. E a aproximação com Israel, única democracia do mundo árabe, foi outra iniciativa bem interessante. Outra coisa, o setor da construção civil teve sua primeira alta depois de 20 trimestres em queda. Temos um presidente inquieto, conflitante, mas macho no sentido de fazer, de ter coragem de fazer.

Pedagogia do cargo
Também é importante dizer que confio no que chamo de pedagogia do cargo. Ou seja, o capitão vai aprendendo, daqui a pouco ele vira coronel, general, a experiência ensina muito. O presidente Bolsonaro é a prova de que o equilíbrio e a sensatez não funcionam mais. O politicamente incorreto tomou conta do país, mas a aparência de que vai haver uma catástrofe é só aparência, não vai acontecer nada de extraordinário. O estilo Bolsonaro derrotou de vez os marqueteiros das campanhas eleitorais, eles foram substituidos pelo 01, 02 e 03, os seus três filhos que o ajudaram  e ainda ajudam nas redes sociais. Sou do PSDB e não vou mudar de partido. Mas acho que o mundo não é mais cheio de requifife, o mundo é como ele é, mais Nelson Rodrigues do que  qualquer outra coisa. Acho que esse episodio das queimadas na Amazônia mostram a importância dos debates. Não se pode imaginar que certos temas não são importantes. Têm que ser tratados  com cautela para que todos saiam ganhando.

Nacionalização do discurso
Acho que o discurso da campanha das eleições municipais de 2020 será nacionalizado, não tem como ser diferente. E um dos temas que serão abordados será o redesenho da Federação. A reforma tributária, que está em andamento, a discussão sobre um novo  Pacto Federativo, a nova Federação brasileira, a discussão vai envolver tudo isso. O papel do estado, município e do governo. Estados querem o protagonismo. Assim a nacionalização das eleições de 2020 será inevitável. Os estados estão passando por uma visibilidade. É um efeito benéfico do assanhamento do executivo federal. Os estados começaram a se meter nas discussões. Essa  polarização acentuada  é porque é um grupo de lisos e todos querem ter razão. Temos um presidente que está fazendo um grande desmantelo, que está mexendo com os estados e municípios, aí surge o protagonismo de São Paulo, por exemplo, da Bahia e outros que ainda estão por aparecer. Está acontecendo exatamente o que disse Bolsonaro, que é preciso fazer um govermo menos Brasília e mais Brasil.
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