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No Recife, Boulos diz que Previdência precisa 'combater privilégios' da cúpula dos poderes

Publicado: 11/04/2019 às 14:03

Guilherme Boulos esteve com o presidente do Diario, Alexandre Rands, na manhã desta quinta-feira (11). (Foto: Mandy Oliver/Esp.DP)/Guilherme Boulos esteve com o presidente do Diario, Alexandre Rands, na manhã desta quinta-feira (11). (Foto: Mandy Oliver/Esp.DP)

Guilherme Boulos esteve com o presidente do Diario, Alexandre Rands, na manhã desta quinta-feira (11). (Foto: Mandy Oliver/Esp.DP)/Guilherme Boulos esteve com o presidente do Diario, Alexandre Rands, na manhã desta quinta-feira (11). (Foto: Mandy Oliver/Esp.DP)

Guilherme Boulos esteve com o presidente do Diario, Alexandre Rands, na manhã desta quinta-feira (11). (Foto: Mandy Oliver/Esp.DP)

Em visita ao Diario nesta quinta-feira (11), o candidato à Presidência nas eleições de 2018, Guilherme Boulos (PSOL), disse que é preciso discutir a Previdência brasileira, mas não da forma como acontece no governo Jair Bolsonaro. Para o psolista, é preciso combater os privilégios em um ajuste no sistema de aposentadorias, sobretudo na cúpula dos poderes e na área dos militares. 

“Temos que mexer na cúpula dos poderes do Brasil e também nos militares, que são 30% do quadro de aposentados inativos do serviço público. Eles (membros do governo) não estão mexendo, porque estão compensados por algumas medidas como o aumento salarial, ou seja, na prática, vai ficar no mesmo nível. Já os empresários têm que pagar as dívidas ao INSS. Muitas empresas são grandes bancos e estão em atividade”, afirmou Boulos. Para ele, é preciso também realizar uma reforma tributária no Brasil. 

O ex-presidenciável ainda criticou as alterações propostas pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, no Benefício de Prestação Continuada (BPC) e na idade mínima. Boulos definiu a proposta como massacre aos mais pobres. “20 anos como tempo mínimo de contribuição para ter 60% de aposentadoria é privar os trabalhadores mais pobres de ter direito. Além disso, 70% dos aposentados no Brasil não conseguem comprovar 20 anos de contribuição, portanto, não estariam aposentados se a reforma já estivesse valendo. Já o BPC é política social. Bota comida na mesa de 5 milhões de brasileiros. O BPC até os 70 anos de idade vai ser de 400 reais é um absurdo, porque o idoso não compra remédio”, pontuou o Guilherme Boulos, que também é professor. 

Unidade da oposição

Nos últimos dias, Guilherme Boulos iniciou uma série de conversas periódicas no campo da esquerda. Entre os integrantes dos debates, estão o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), a ativista Sônia Guajajara (PSOL) e os ex-governadores Flávio Dino (PCdoB/MA) e Ricardo Coutinho (PSB/PB). Questionado pela reportagem sobre a falta de participação do PDT, do ex-candidato Ciro Gomes, nas rodas de debate das esquerdas, Boulos disse que houve convite ao pedetista, mas que o ex-ministro não compareceu aos diálogos. “Ciro até agora fez uma opção de não construir esse campo porque fez um posicionamento político de que ele não pode estar sentado, por exemplo, na mesma mesa que o PT. Ele não esteve nesse espaço não por falta de chamada, mas por uma opção. O PDT é importante. Diferenças existem. É natural, até bom que não tenha intolerância diante das diferenças que temos. Mas elas são muito menos que as diferenças que temos com o Bolsonaro por exemplo”, afirmou Boulos. 

Guilherme Boulos afirmou que é preciso descobrir quem mandou matar a vereadora Marielle Franco (Foto: Mandy Oliver/Esp.DP)

MEC

Guilherme Boulos alfinetou o ex-ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodrigues, demitido na segunda-feira (9) pelo presidente Jair Bolsonaro após polêmicas à frente da pasta: “foi o pior ministro da educação da história do Brasil. Breve e desastroso. Disse que iria mudar os livros didáticos para tirar o nome de golpe militar de 1964 e deixar de chamar de ditadura e pregava que a universidade pública é pra uma elite intelectual. Nós queremos um ministro da Educação que fale de Fundeb, que discuta o Enem, os problemas da evasão escolar”. Ainda na avaliação do líder do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), o novo ministro, Abraham Weintraub, tem matriz ideológica semelhante à de Vélez, mas é uma “ameaça maior”. “Ainda acho que ele é mais perigoso (que Vélez) porque tem um projeto de vincular a educação ao mercado. Além disso, pensa o Nordeste como uma capitania hereditária ao afirmar que as universidades da região não poderiam ensinar filosofia e sociologia, mas deveriam ter aulas de agronomia. Não conhece o país”, criticou Boulos. 

PSOL e Marielle 

Guilherme Boulos ainda avaliou o crescimento no número de filiados do PSOL nos últimos anos, assim como o desafio do partido de agora em diante. Entre os objetivos, está a luta para que sejam descobertos os supostos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco em março de 2018 no Rio de Janeiro. “O partido tem tido um crescimento importante, a começar pela sua bancada na Câmara (que passou de 6 para 10 deputados), somos uma esquerda renovada. Tivemos uma perda irreparável, que foi a morte da nossa companheira Marielle Franco. Para nós, é prioridade saber quem mandou matar a Marielle. Não porque a vida da Marielle valha mais que qualquer outra vida, mas porque foi um crime político. Mas tem indícios cada vez mais de que quem matou está no poder hoje no Brasil. Pra nós, é uma questão-chave, assim como a luta pela Reforma da Previdência, pela democracia. Temos que ganhar 2019, não dá agora para pensar em (eleições de) 2020 e 2022 agora”, concluiu Guilherme Boulos. 

Agenda no Recife

Na tarde desta quinta-feira (11), a partir das 16h, Boulos estará em debate com alunos e acadêmicos no Centro de Ciências Sociais e Aplicadas (CCSA) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Nesta sexta (12), o psolista vai participar de debate sobre a Reforma da Previdência com correligionários na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) ao lado do vereador Ivan Moraes e do mandato coletivo das Juntas. Na noite da sexta, haverá evento na inauguração da nova sede do PSOL, na Rua Bispo Cardoso Ayres, 83, no bairro da Boa Vista, área central da capital pernambucana. 
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