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Advogados sustentam que agressor agiu sozinho e refutam conspiração

O advogado disse que o criminoso já fez, no ano passado, uso de medicação controlada

Publicado em: 08/09/2018 13:02

O advogado de defesa do agressor do deputado Jair Bolsonaro, Zanone Oliveira Junior fala à imprensa (Tomaz Silva/Agência Brasil)
O advogado de defesa do agressor do deputado Jair Bolsonaro, Zanone Oliveira Junior fala à imprensa (Tomaz Silva/Agência Brasil)
Advogados de defesa de Adelio Bispo de Oliveira dizem que ele agiu sozinho e de rompante quando decidiu esfaquear o deputado federal e candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL). A ideia surgiu três dias antes, quando o criminoso arquitetou a tentativa de assassinato, movido contra o discurso de Bolsonaro referente a negros quilombolas.

A defesa refuta a ideia de uma teoria conspiratória, segundo a qual haveria outras pessoas envolvidas, possivelmente um mentor intelectual.

Na noite de sexta-feira (7), o agressor foi ouvido novamente pela Polícia Federal (PF), que deseja esclarecer exatamente este ponto, para se certificar se o crime foi apenas fruto de uma mente atormentada e possivelmente desequilibrada, como sustenta a defesa, ou se foi parte de um esquema maior, de tentativa de eliminação de Bolsonaro.

Para resguardar a integridade física do agressor, ele foi transferido, na manhã deste sábado (8), para o presídio federal de segurança máxima de Campo Grande (MS).

%u201CA polícia queria saber em especial sobre a participação de terceiras pessoas, se o plano foi engendrado, se havia outros envolvidos, interessados, se foi financiado ou não. Eu acredito que ele esclareceu que veio sozinho. Ele veio para praticar o ato, queria praticar o ato, mas sozinho%u201D, sustentou o advogado Fernando Magalhães, que acompanhou o depoimento de Adélio, durante uma hora e meia, à PF.

Sobre o fato de o criminoso ter morado em vários endereços nos últimos meses, Magalhães disse que era um hábito. %u201CÉ um cigano. Me parece que ele vai procurando oportunidades. Aqui ele aportou por acaso, como ele externou. Disse que o ódio nasceu três dias atrás, quando ouviu uma mensagem do presidenciável Jair Bolsonaro sobre a questão dos negros, dos quilombolas, indígenas, e aquilo foi crescendo, no íntimo dele, e ele não conseguiu segurar. Aquilo startou nele um sentimento de 'extremismo se trata com extremismo'. Saiu de casa para ceifar a vida de Jair Bolsonaro%u201D, relatou Magalhães.

O advogado disse que Adélio estava há dias em Juiz de Fora, em busca de oportunidade de trabalho. %u201CEle reportou que seria uma busca de oportunidades [de trabalho] e que há alguns dias ele soube que Bolsonaro estaria aqui. Mas ele é errante. Cada dia está em um lugar, cada dia procurando um emprego, cada hora exercendo uma profissão, de garçom ou qualquer coisa assim%u201D, disse Magalhães.

Medicamentos

Outro advogado de Adélio, Zanone Oliveira Júnior, disse que o criminoso já fez, no passado, uso de medicação controlada. %u201CParece que além de psiquiatra ele já consultou com neurologista. Vamos verificar a possibilidade de instaurar um incidente de sanidade mental. A juíza vai designar um corpo psiquiátrico para que faça um minucioso exame acerca da higidez mental do nosso cliente%u201D, disse Zanone.

De acordo com o defensor, Adélio é politizado e consegue se manifestar bem, mas um perfil psicológico pode revelar questões de insanidade, sociopatia e até psicopatia. Ele destacou, entretanto, que um laudo definitivo cabe aos psiquiatras. %u201CLevando em consideração tudo o que ele nos contou, principalmente esses tratamentos específicos, nós temos elementos robustos que dão ensejo à deflagração desse incidente processual penal de insanidade mental%u201D, disse Zanone.

Problema mental

O advogado disse que, se ele for classificado como preso com problema mental, o objetivo é que não cumpra pena em manicômio judicial, mas no próprio sistema prisional.

%u201CA insanidade mental levaria à decretação de uma medida de segurança. E todo mundo sabe que o estado dos hospitais de custódia, que são os antigos manicômios judiciários, a prisão é muito melhor que uma incursão dentro de um sanatório. Mas não podemos passar ao largo dessa informação%u201D.

Para os defensores, não houve participação de outras pessoas no crime, segundo relatado por Adélio. %u201CPara nós, advogados, o passado pelo cliente foi: 'Agi sozinho. Por detrás não tem ninguém'. Se ele está mentindo ou dizendo a verdade, nós não temos bola de cristal. A chama que o guiou, a causa que o fez ostentar uma faca contra a vítima, foram os discursos de ódio [de Bolsonaro]%u201D, destacou Zanone.

Caso seja decretada insanidade mental de Adélio, o advogado disse que o processo seria suspenso e um curador nomeado. Ele poderia ser considerado inimputável ou semi-imputável. Os advogados não revelaram a pessoa que os contratou. Disseram apenas que é um fiel da igreja Testemunha de Jeová de Montes Claros, relacionada à família de Adélio.
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