Opinião

Roberto Magalhães: Rico roubando pobres, incrível

Roberto Magalhães foi governador de PE, deputado federal e prefeito do Recife

Publicado em: 10/01/2018 07:29

Dentre os muitos cartéis, esquemas e tantas modalides que neste país se vem adotando para assaltar e roubar o dinheiro público, há algumas espantosas pela sua torpeza.

Começaria por lembrar a fixação das tarifas do transporte público, no Rio de Janeiro, no qual Jacob Barata Filho, conhecido como o ‘Rei dos ônibus’, dava as cartas, em conluio com autoridades.

Segundo é notório e está na imprensa deste 31 de dezembro de 2017, Élio Gaspari informa que Barata já foi preso por duas vezes, mas de imediato solto por decisão monocrática do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal e presidente do Superior Tribunal Eleitoral, confirmando a regra de que é difícil botar rico na cadeia...

Mas o que causa indignação é saber-se que o sistema de sobrepreço das tarifas de transporte no Rio, em favor de empresários, sai do bolso daqueles que durante horas, todos os dias, amargam nos ônibus a sina de ir e voltar do trabalho.
O montante dessa política, agora comprovado nos processos contra o ex-governador Sérgio Cabral, é de muitos milhões de desvios, e Élio Gaspari, em sua coluna, informa que no Rio, um operador da Fetransporte confessou que em seis anos os ganhos ilícitos chegaram a R$ 260 milhões (Jornal do Comércio, edição de 31.12.2017, pág. 6).

É preciso lembrar não apenas a desonestidade criminosa, mas a dureza de coração e o péssimo caráter, de quantos se envolveram nessa ladroeira. A absoluta falta de respeito para com o próximo que ganha pouco, trabalha muito, e ainda é roubado pelos que têm grandes fortunas.

Está faltando no Código Penal a previsão de agravantes para esse tipo de crime praticado por pessoas destituídas de predicados humanitários.

Haveria ainda um outro caso assemelhado, mas não vale a pena tratar, embora se refira a dinheiro desviado de empréstimo compulsório de pequeno valor para funcionários públicos, criado no governo Lula, mas o ministro suspeito de chefiar o assalto obteve habeas corpus concedido por ministro do Supremo Tribunal Federal, e a mulher é senadora, portanto, com direito a foro privilegiado. Não se sabe se o processo chegará a julgamento.
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