Retrospectiva: relembre os principais fatos políticos de 2017

Dois mil e dezessete foi um ano megalomaníaco para a política brasileira. Tudo o que aconteceu parece ter sido em proporções gigantescas ou de maneira inédita. Foi a primeira vez, por exemplo, que um presidente foi denunciado criminalmente no exercício da função. Duas vezes. Nas duas vezes, porém, as investigações acabaram barradas pela Câmara dos Deputados. Foi também a primeira vez, desde a promulgação da Constituição de 1998, que um ex-presidente foi condenado por um crime. Mais de um, na verdade.

 

Alguns episódios, inclusive, parecem obras ficcionais. Um deles foi o dos R$ 51 milhões em espécie apreendidos pela Polícia Federal em um apartamento. Mesmo com o uso de máquinas, foram necessárias 14 horas só para contar as cédulas. Isso sem contar um esquema para adulterar carnes, o palhaço parlamentar que se disse envergonhado de seus colegas da Casa e o apresentador de TV que abdicou da disputa pela Presidência da República. Por falar na corrida pelo Planalto... 2018 está logo aí, trazendo com ele as eleições gerais. Enquanto o ano-novo e o pleito não chegam, que tal relembrar os fatos políticos mais marcantes de 2017?

RETROSPECTIVA

 

20/1 - Relator da Lava-Jato no STF, Teori Zavascki morre em acidente aéreo. Ministro estava a bordo de uma aeronave que saiu do Campo de Marte, na capital paulista, com destino a Paraty (RJ). O avião caiu no litoral sul do Rio de Janeiro, próximo à Ilha Rasa, a 2km da cabeceira da pista do aeroporto. Posteriormente, sua cadeira no STF foi ocupada por Alexandre de Moraes. Já a relatoria da Lava-Jato ficou a cargo do ministro Edson Fachin.

30/1 - Eike Batista é preso. Empresário passou quase uma semana como foragido, nos Estados Unidos, até ser preso ao desembarcar no aeroporto internacional do Galeão, no Rio de Janeiro. Acusado de lavar dinheiro em um esquema de corrupção, ele foi beneficiado com prisão domiciliar em abril e, posteriormente, apenas com um recolhimento noturno.

 

3/2 - Ex-primeira-dama Marisa Letícia morre aos 66 anos. A mulher do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve a morte cerebral confirmada, após passar 10 dias internada em decorrência de um AVC.

16/2 - Presidente Michel Temer sanciona a reforma do ensino médio. Antes de ser aprovada no Congresso, Medida Provisória foi alvo de diversos protestos pelo país. Entre eles, a onda de ocupação de escolas por estudantes.

17/3 - Polícia Federal deflagra a operação Carne Fraca. Investigações revelaram um esquema criminoso no Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa), que liberava licenças e fiscalização de frigoríficos de modo irregular. Entre os investigados, estava a JBS, dos irmãos Joesley e Wesley Batista.

11/4 - Ministro Edson Fachi, do STF, pede investigação contra uma série políticos, com base nas delações da empreiteira Odebrecht. A famosa lista de Fachin tinha os nomes de três ex-presidentes, oito ministros, três governadores, mais de 25 senadores e cerca de 40 deputados.

28/4 - Trabalhadores promovem greve geral para protestar contra as reformas trabalhista e da Previdência. Funcionários de vários setores da economia e de serviços essenciais, como o transporte público, cruzaram os braços.

9/5 - Reforma da Previdência é aprovada em comissão especial na Câmara. Texto ainda precisa ser analisado em dois turnos no plenário da Casa. No entanto, apesar do esforço do governo, isso não aconteceu em 2017. A previsão, no momento, é que a votação aconteça em fevereiro de 2018.

 

18/5 - STF divulga áudio de gravação de Joesley Batista e Temer. Na conversa, presidente supostamente teria avalizado a compra do silêncio do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), por parte do empresário. O áudio é parte das delações da JBS, que culminaram na apresentação de duas denúncias criminais contra Temer pelo ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot.

24/5 - Protesto termina em confusão na Esplanada dos Ministérios. Durante um ato contra as reformas trabalhista e da Previdência, policiais e manifestantes entraram em confronto. Várias pessoas ficaram feridas e diversos prédios de Ministérios foram depredados. O presidente Michel Temer chegou a decretar uma ação de Garantia da Lei e da Ordem, que, na prática, dava ao Exército o poder de atuar como polícia.

9/6 - Chapa Dilma-Temer é absolvida no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Em uma ação movida pelo PSDB, a chapa era acusada de abuso de poder econômico nas eleições de 2014. Acabou inocentada, por 4 a 3, com voto decisivo do ministro Gilmar Mendes. Se a chapa fosse considerada culpada, o presidente Michel Temer poderia ser afastado do Planalto.

12/7 - Ex-presidente Lula é condenado a nove anos e seis meses de prisão pelo juiz Sérgio Moro. Petista foi acusado de corrupção e lavagem de dinheiro, no caso que envolve o tríplex do Guarujá, em São Paulo.

13/7 - Temer sanciona a reforma trabalhista. Nova lei, cujo objetivo, segundo o governo, é modernizar as relações trabalhistas, entrou em vigor em novembro.

2/8 - Câmara decide barrar denúncia contra Michel Temer. Presidente foi denunciado ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelo ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot, pelo crime de corrupção passiva.

 

6/9 - Polícia Federal encontra R$ 51 milhões em apartamento, em Salvador (BA). Dinheiro seria do ex-ministro Geddel Vieira Lima, que está preso. Foi a maior apreensão de dinheiro em espécie já feita na história da corporação. Só para contar as notas, com o auxílio de máquinas, foram necessárias 14 horas.

18/9 - Raquel Dodge assume o cargo de procuradora-geral da República. Ela substituiu Rodrigo Janot e se tornou a primeira mulher a chegar à chefia do Ministério Público Federal (MPF). Dodge foi indicada pelo presidente Michel Temer, após ficar em segundo lugar em uma votação entre os procuradores da República.

28/9 - Impopularidade de Michel Temer bate recorde. De acordo com uma pesquisa feita pelo Ibope, apenas 3% dos brasileiros consideravam, à época, o governo do presidente bom. Outros 77% avaliavam a gestão do peemedebista como ruim ou péssima.

17/10 - Senado decide manter o mandato de Aécio Neves (PSDB-MG). Senador tucano foi denunciado por receber propina de R$ 2 milhões de executivos da JBS.

25/10 - Deputados decidem arquivar mais uma denúncia contra Michel Temer. Desta vez, presidente havia sido denunciado pelos crimes de organização criminosa e obstrução da Justiça, também com base nas delações da JBS.

19/11 - Fernando Segóvia assume o comando da Polícia Federal. Escolhido pelo presidente Michel Temer, delegado brasiliense tomou posse como diretor-geral da corporação no lugar de Leandro Daiello, que estava há sete anos no cargo.

27/11 - Luciano Huck diz que não será candidato à Presidência da República. Em texto publicado no jornal 'Folha de S. Paulo', o apresentador, cuja eventual candidatura ganhava cada vez mais corpo e apoio, afirmou acreditar que pode fazer mais ocupando outras posições no "front nacional".

6/12 - Tiririca faz primeiro discurso na Câmara e diz estar "abandonando a vida pública". Na primeira vez em que subiu na tribuna do plenário da Casa, o deputado fez críticas aos colegas e pediu que eles "esquecessem as brigas e o ego olhassem pelo país". Depois, Tiririca, por meio da assessoria de imprensa, confirmou que não pretende disputar um terceiro mandato em 2018.

 

19/12 - Ministro Edson Fachin determina que Paulo Maluf (PP-SP) cumpra pena em regime fechado. Deputado federal foi condenado por lavagem de dinheiro. Ele se entregou à polícia um dia depois da decisão.