Opinião Gustavo Maia Gomes: Apoio a William Waack Gustavo Maia Gomes é PhD em economia (University of Illinois, USA)

Publicado em: 11/11/2017 08:00 Atualizado em:

Todos nós já dissemos privadamente frases que não diríamos em público. Repetimos piadas de português. Imitamos trejeitos de homossexuais. Debochamos da pátria. Desejamos que notórios corruptos ainda não condenados em segunda instância sejam mortos em praça pública. Temos esse direito.

Quando cada um tiver seu traidor profissional a lhe filmar 24 horas por dia, não haverá mais reputação intacta. Nem a Gestapo de Hitler; nem a KGB de Stalin; nem a Stasi de Honecker; nem a Securitate de Ceausescu; nem o DIP de Vargas; nem o SNI dos militares brasileiros jamais conseguiu isso. Mas era o seu sonho.

Estamos exagerando com esta praga do politicamente correto. Vivam os tempos em que ela não existia. Nelson Ferreira era negro. No carnaval de 1959, sua música de maior sucesso tinha este refrão: “Dizem que em sessenta nego vai virar macaco”. E não parava aí: “Ah, meu deus, que grande confusão. Se for verdade o que diz o profeta, penca de banana vai custar um milhão”.

Não, leitor, o grande maestro e compositor pernambucano não tinha preconceito contra sua própria raça. Não, leitor, nem você, nem eu, apenas por termos pronunciado frases inconvenientes, em conversas reservadas, merecemos ser execrados. Não somos xenófobos, nem homofóbicos, nem traidores da Nação, nem nazistas. Pelo menos, não por isso.
William Waack é, acima de tudo, um grande profissional. Tem livros valiosos publicados. Conduz com rara maestria um programa de debates na TV por assinatura. Não se furta a emitir opinião política forte, quando considera tal manifestação necessária.

Se ele disse, em ambiente restrito, algo que não corresponde às suas convicções, que lhe fosse dada a oportunidade de desculpar-se. O assunto estaria encerrado e continuaríamos todos a desfrutar de sua atuação impecável como entrevistador na TV ou articulista nos jornais.

Tirá-lo de circulação, como se anuncia ter sido feito por seus empregadores, é uma violência incomparavelmente mais condenável do que o pecadilho que ele possa ter cometido. Além de que, para piorar as coisas, a probabilidade maior é que seu substituto (cujo nome desconheço, se já foi escolhido) venha a ser um idiota bem comportado.

Quando todas as posições, não apenas na TV, mas na política, nos esportes, na cultura, nas igrejas, na p.q.p. estiverem preenchidas por idiotas bem comportados, alguns de nós lembrarão com saudade de William Waack. Outros, satisfeitos com a vitória de seus iguais, trarão Dilma Rousseff e os discursos debiloides de volta à Presidência da República.


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