Opinião Marcos Voltolini: Como a tecnologia pode ajudar o futuro dos veículos de comunicação Marcos Voltolini é graduado em engenharia eletrônica pela Universidade de São Paulo (USP) e co-fundador da plataforma de Inteligência Hoodline, sediada em São Francisco

Publicado em: 13/06/2017 07:39 Atualizado em:

O Brasil tem sofrido muito com as várias repercussões com a atual crise política e econômica, e a indústria de mídia não tem sido imune a esses efeitos. Ao mesmo tempo, têm surgido oportunidades emergentes de como a tecnologia pode ajudar a mídia a ter um futuro melhor.

Você está provavelmente familiarizado com os problemas. Pelo menos uma dúzia dos maiores veículos de comunicação – estações de rádio e TV, sites de notícias, publicações impressas – deixaram de existir nos últimos meses. Com a crise, os editoriais e publicações locais sofreram um enorme impacto. Os maiores veículos de comunicação do Brasil (Folha de São Paulo, O Globo e O Estado de São Paulo) fecharam suas sucursais e estão sendo forçados a focar em notícias de caráter nacional, deixando de lado a cobertura local, uma vez que não tem quem faça a cobertura naquela região.

Notícias locais estão cada vez mais raras a medida que sua importância é cada vez mais essencial. Matérias locais sobre negócios, atrações e os problemas que afetam a comunidade são chave para que as pessoas possam entender sua realidade e buscar soluções para o que precisa ser mudado. Hoje, as mídias sociais e outros meios de notícias digitais são os veículos onde as pessoas buscam notícias e esses conteúdos vêm de fontes variadas. Os veículos de comunicação precisam mudar a sua forma de distribuição de notícias para manter seus leitores. Na minha empresa de tecnologia, Hoodline, baseada em São Francisco, estamos criando um conceito novo de fazer notícias, “as notícias sob medida”.

Usando um poderoso algoritmo, conseguimos identificar cada pedaço de conteúdo que são divididos em mais de 20 categorias a respeito de assuntos locais. A partir dessa informação, os aplicativos de serviços e os sites de notícias podem selecionar um conteúdo ou buscar informações específicas tais como: mostre-me todas as matérias sobre crimes que aconteceram no ano passado no raio de distância que até meio quilômetro de distância da Prefeitura de Olinda ou, também, por exemplo, mostre os restaurantes no Centro do Recife com críticas feitas nas últimas 48 horas. O resultado desta apuração tão detalhada e criteriosa é a geração de um conteúdo feito sob medida para um público específico, dentro de um contexto e quase em tempo real.

Plataformas de distribuição de conteúdo como a que estamos construindo oferecem uma nova forma de oferecer conteúdo aos veículos de comunicação. Essas plataformas colocam os conteúdos diretamente nas mãos daqueles que estão buscando notícias específicas. Uma pessoa que, por exemplo, está se mudando para uma nova área e quer conhecer mais sobre as escolas locais, pode ter acesso a esse tipo de informação de uma forma mais rápida e fácil.
O que eu acho realmente animador é que essa nova tecnologia de fato pode ajudar os veículos de comunicação brasileiros. Se esses veículos estão em busca de uma reconstrução, é preciso que sejam reinventados. É hora de se ajustar as necessidades e à realidade dos consumidores e dos mercados e a tecnologia é o único caminho para atingir esses objetivos.
 


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