Política
“Mexeu com uma, mexeu com todas” não é só um slogan da hora que condena o assédio sexual de um ator a uma figurinista ou o assassinato brutal de uma fisioterapeuta por um comerciante. A advertência vale para todos os casos em que as mulheres são molestadas. O machismo e o patriarcalismo precisam perder urgentemente espaço na sociedade.
O homem que se sente proprietário do sexo oposto é equivocado, desrespeitoso e, no fim das contas, um ser violento. Míope, não enxerga as transformações sociais e ignora os avanços alcançados na luta pela equidade de gênero — grande parte contemplada pela atualização das leis do país. O homem moderno e esclarecido divide com a mulher a construção de uma sociedade com menos desigualdade.
A arrogância e a prepotência de muitos homens fazem que persistam situações nas quais as mulheres têm sido vítimas de constrangimentos e violência no metrô, no ônibus, no trabalho, nas ruas, nas festas, em casa. Hoje, as mulheres não estão dispostas a tolerar nem mesmo o assédio verbal que, com frequência, evolui para o físico e, se nada for feito, chega ao extremo da violência sexual.
Denunciar nas instâncias adequadas (delegacias policiais e Justiça) não é mais reação eventual. A Central de Atendimento à Mulher (Disque 180), do Ministério da Justiça, recebeu, em 2015, 749.024 denúncias — percentual 50% superior ao do ano anterior — sendo 6,24% de assédio sexual no local do trabalho, 15, 24% de exploração sexual e 78,52% de estupro.
O setor público ainda segue em ritmo lento para recepcionar e dar as respostas esperadas pelas vítimas. As delegacias especializadas não dispõem de material humano suficiente e capacitado para atender as queixas das mulheres que são violentadas nas ruas, ou no transporte coletivo, ou dentro de casa. A demanda cresce porque elas estão cientes dos seus direitos e dispostas a fazer valer o que diz a lei.
Como mães, têm a capacidade de educar os filhos dentro de uma cultura antimachista na qual o respeito ao outro é um dos principais pilares das relações humanas, independentemente do sexo, condição socioeconômica, credo ou etnia. Os homens modernos e bem-educados sabem disso e se colocam como parceiros para a mudança. Mas é fundamental que, ao lado da educação, as sanções penais sejam aplicadas aos que agem com base em valores que prevaleciam no século 16 e não cabem na contemporaneidade.
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