Manifestações "Agora vamos ocupar Brasília", avisam centrais Entidades comemoram números da greve geral de sexta-feira e querem fazer pressão nos senadores

Publicado em: 30/04/2017 10:56 Atualizado em:

Para dirigente estadual da CUT, Pernambuco realizou o maior ato público do Brasil. Foto: Teresa Maia/DP
Para dirigente estadual da CUT, Pernambuco realizou o maior ato público do Brasil. Foto: Teresa Maia/DP
As nove centrais sindicais - CUT, Força Sindical, CTB, Intersindical, CSB, NCST, CGTB e CSP-Conlutas - que organizaram a greve geral da sexta-feira afirmam que não contabilizaram números de adesões, mas, segundo a Força Sindical, mais de 40 milhões de pessoas pararam ou fizeram manifestações em todos os estados. De acordo com as entidades, a última grande greve no país, em 1989, contra o Plano Verão, do governo Sarney, teve 35 milhões de adesões.
“Fizemos a maior greve da história”, afirma o presidente da CUT, Vagner Gomes. “Foi uma resposta ao presidente Michel Temer e ao Congresso de que a sociedade não concorda com o fim da CLT, da aposentadoria e com a terceirização”.

O presidente da CUT de Pernambuco, Carlos Veras, comemorou o resultado da greve geral no estado. Segundo ele, Pernambuco realizou o maior ato público do Brasil, com cerca de 200 mil manifestantes nas ruas. Os números foram superiores aos de São Paulo - 70 mil - estado que tem o maior colégio eleitoral do país.  “Foi um dia para entrar para a história”, comemorou.
Pressões para que as reformas sejam negociadas vão continuar e uma nova greve geral não está descartada. O próximo passo é tentar convencer os senadores a rejeitarem a reforma trabalhista já aprovada na Câmara. “Vamos ocupar Brasília para que o Senado não vote as reformas”, avisa Gomes.

Negociações
A ideia, explica o presidente da UGT, Ricardo Patah, é visitar todos os senadores, em seus gabinetes ou residências. Na terça-feira, dirigentes das centrais têm encontro marcado para traçar as próximas ações conjuntas. No dia 8 haverá mais uma reunião.

O presidente da Força Sindical, o deputado Paulo Pereira da Silva (SD-SP), o Paulinho da Força, afirma que a greve foi um recado para que o governo abra negociações para se fazer uma reforma “civilizada”, sem retirar direitos conquistados, e que não seja feita só pelo governo e o Congresso, mas com a participação dos trabalhadores.

Em resposta a críticas de que a greve só ocorreu porque houve piquetes e barreiras em importantes vias, com pneus incendiados, Gomes diz que é assim que ocorre na França, no Brasil e em outros países. “Greve não é um acordo entre a sociedade e o governo, é um confronto. Se o governo fizesse as coisas certas isso não ocorreria”.

Embora unidades na greve, as centrais têm divergências. A Força, por exemplo, é a favor da reforma da Previdência, mas num modelo diferente. A CUT é contra qualquer mudança que amplie prazos para aposentadoria.
No campo político, as diferenças são ainda maiores. A CUT foi contra o impeachment de Dilma Rousseff, enquanto a Força apoiou o processo de cassação da petista.  (AE)

Rescaldos de uma guerra nas ruas

O Centro do Rio amanheceu no dia seguinte aos protestos contra as reformas trabalhistas e previdenciárias com carcaças de ônibus queimados nas ruas e diversos bancos, edifícios, estações de metrô e VLT depredados. A Secretaria Municipal de Saúde informou que ao menos seis dos sete feridos levados ao hospital foram atingidos por balas de borracha. Os dois pacientes que ainda estão internados, um homem e uma mulher, passaram por cirurgia e estão estáveis. Ele teve uma lesão na face por bala de borracha e ela uma lesão vascular. Pelo menos nove ônibus foram incendiados, além de uma picape, segundo a Rio-Ônibus.

O prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), afirmou neste sábado que os sindicatos que participaram da organização da greve geral na cidade terão de pagar pelos prejuízos causados no mobiliário urbano. “Vamos cobrar todos os sindicatos”, disse o prefeito durante evento do programa Cidade Linda. “Eles irão dividir a conta do prejuízo que deram à cidade”. “Nós não podemos ser responsabilizados pelo ato de meia dúzia de jovens que decidem sair de casa para quebrar tudo”, disse o o secretário-geral da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Júlio Turra.

Já Alexandre Côrrea, marido da apresentadora Ana Hickmann, postou um vídeo neste sábado, no Instagram para se desculpar por ter xingado as pessoas que participaram da greve geral. “Está todo mundo bem bravo comigo, porque eu me exacerbei nas minhas declarações ontem falando que grevista era corno, era filho disso, filho daquilo. Essa é a opinião de uma pessoa que está se sentindo prejudicado, mas que na verdade essa pessoa, no caso eu, foi extremamente egoísta, não de Ana Hickmann”, disse Alexandre. O empresário havia dito que perdeu R$ 25 mil devido à paralisação.  (AE)

MAIS NOTÍCIAS DO CANAL