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Editorial: Falta incentivo à pesquisa no Brasil
Sem investir de maneira sistemática em educação e ciência qualquer país está fadado ao atraso e à estagnação
Por: Diario de Pernambuco
Publicado em: 24/05/2016 07:11 Atualizado em:
A comunidade científica brasileira tem manifestado compreensível preocupação com o esvaziamento da pesquisa e a redução sistemática na aplicação de recursos na busca do conhecimento e da inovação. Os mais destacados cientistas do país afirmam com todas as letras que a suspensão de bolsas e de investimentos pode comprometer completamente o que já se produziu nos laboratórios dos centros de pesquisa, além de atingir as gerações futuras, que não contarão com as mínimas condições para o desenvolvimento de seus projetos.
Não é necessário ser mestre nem doutor para saber que sem investir de maneira sistemática em educação e ciência qualquer país está fadado ao atraso e à estagnação. Em tempos de crise como a que enfrentamos, não só no Brasil, mas em todo o mundo, investir em ciência e tecnologia significa valorizar uma ferramenta indispensável para alavancar o desenvolvimento.
O Brasil aplica 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB) no setor. A China, por seu lado, mesmo com a economia desaquecida, anunciou que até 2020 destinará 2,5% do seu PIB em ciência e tecnologia. Hoje, são 2,2%. Já os Estados Unidos empregam 2,8% do PIB e a União Europeia comprometeu-se a chegar aos 3% ao ano, até 2020.
O alerta é de entidades reconhecidas como Academia Brasileira de Ciências (ABC) e Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). “Não reconhecer que a ciência é o motor do futuro demonstra descaso com a sociedade, um analfabetismo científico que custará caro à Nação”, desabafa o presidente da academia, Luiz Davidovich.
Na visão da comunidade científica, as autoridades não podem sacrificar a ciência para enfrentar a crise econômica atual, como o corte de bolsas e investimentos, por exemplo. Decisão como essa será interpretada como falta de compromisso com a inovação, com o consequente desestímulo aos jovens interessados em abraçar a carreira científica.
A ciência está presente em todas as áreas de atuação do ser humano. As commodities, por exemplo, fundamentais para o crescimento do Brasil, são produto de anos e anos de pesquisas científicas que proporcionaram sua qualidade e competitividade. A soja é quatro vezes mais produtiva atualmente. A tecnologia de exploração de petróleo em águas profundas, desenvolvida pela Petrobras, foi possível graças aos estudos de universidades do país em mecânica, física, engenharia química e matemática. Não devemos nem podemos negligenciar a pesquisa e o conhecimento, sob o risco de o Brasil perder o trem da história.
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