Kim Kataguiri: o governo Dilma acaba em 45 dias
Em palestra no Recife, um dos organizadores do Movimento Brasil Livre avaliou cenário político brasileiro, criticou as manifestações em defesa do governo e sentenciou o fim da gestão petista
Publicado: 19/03/2016 às 21:07

Kim Kataguiri participou de palestra no Recife/
Em um evento voltado a estudantes de nível médio e superior - o Papo de Universitário -, Kim Kataguiri, de 20 anos, circulava tranquilamente entre os stands do Chevrolet Hall, em Olinda, antes de sua palestra. De altura baixa, gestos leves, não demonstra, a primeira vista, ter opiniões políticas tão polêmicas. Em conversa com o Diario, na tarde deste sábado (19), um dos coordenadores do Movimento Brasil Livre (MBL) fez um exercício de futurologia e apostou que a gestão da presidente Dilma Rousseff (PT) não dura mais de 45 dias, ou seja, o tempo necessário para "rito" do impeachment.
“Já é consenso em Brasília que esse governo acabou. A ministra da Agricultura, Kátia Abreu (PMDB), vai desembarcar, o PMDB em si tem diretórios suficientes para anunciar o desembarque adiantado, antes daquele prazo de trinta dias. Então, todas as perspectivas políticas mostram que o governo não se sustenta mais”, disse, argumentando que acredita que o atual vice-presidente Michel Temer (PMDB) deve assumir a Presidência da República na saída da presidente Dilma.
Sobre as manifestações do dia 13 de março - em favor do impeachment - e da última sexta-feira (18), em favor do governo, o estudante de direito argumentou que há uma grande diferença nas mobilizações. Para ele, enquanto os que pedem o impeachment de Dilma são da sociedade civil, os que defendem fazem parte de uma militância organizada, teoricamente fácil de mobilizar.
“Na manifestação em favor do governo, a maioria são de militantes políticos. São pessoas dos movimentos estudantis, das centrais sindicais, ou militantes de juventudes de partidos políticos, o que é diferente de você mobilizar a sociedade civil”, ponderou. Ele argumentou ainda que os que apoiavam o governo gozavam de uma infraestrutura maior. “É óbvio que tem partidos que apoiaram as manifestações e são contra o governo, mas é diferente de você organizar uma militância que já é organizada, uma militância que muitas vezes é paga, como documentos comprovaram”.
Kim Kataguiri também criticou o que seria, na sua visão, uma deturpação da definição de Golpe de Estado. Para ele, o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) é legal e é um instrumento previsto na Constituição de 1988. “Definição de Golpe é ruptura institucional. Como é que o processo definido pela Constituição e rito definido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que é a corte que protege a Constituição, pode ser um golpe? Então, é justamente o contrário”, disse.
Para ele, essa associação do “golpe” é um mecanismo discursivo dos militantes favoráveis ao governo para desmoralizar os movimentos sociais e de oposição que pedem o fim do governo. “É uma saída pela Constituição, pelo Congresso, seguindo o processo legal. Agora é óbvio que eles vão usar esse tipo de retórica porque o objetivo deles é desqualificar as manifestações”.
Candidaturas do MBL em 2016
O Movimento Brasil Livre deve lançar candidaturas próprias nas eleições municipais deste ano. De acordo com Kim Kataguiri, o movimento não tem qualquer pretensão de fundar um partido político, mas fará alianças para que os seus colaboradores iniciem a vida pública. “A ideia do movimento é de uma estrutura suprapartidária. Nosso objetivo é ter candidatos dentro das legendas”, disse, lembrando a fórmula da ex-senadora Marina Silva, que, nas eleições de 2014, embarcou no PSB quando o seu partido Rede Sustentabilidade ainda não tinha tido autorização da Justiça Eleitoral.
“Nós vamos ter candidaturas na Rede, DEM, PPS, PSC, PSDB, em diversos partidos, todos eles em campanha não vão utilizar a máquina dos partidos, vão usar a máquina do MBL. Uma vez eleito, eles vão votar independente da liderança partidária. Eles vão votar de acordo com a plataforma do movimento”, revelou. O MBL não terá candidatos dentro do PT. Kim, nesta eleição, não será candidato, mas não descarta um projeto político no futuro.

