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Política
Opinião

José Aristophanes Pereira critica os maus educadores da nossa política

Vivemos, no Brasil, 'nossa pátria educadora', um teatro sombrio, num palco desarticulado, onde interagem forças antagônicas

Publicado: 07/01/2016 às 07:16

Por José Aristophanes Pereira
Generalista

É intuitiva a percepção de que o “exemplo” é um fortíssimo instrumento de transmissão e fixação da mensagem educadora, nos mais diversificados ambientes e situações. É frequente, ouvirmos expressões, que nos recordam esse entendimento, tais como: “os defeitos de casa vão à praça”, “tal pai, tal filho”, ou a costumeira advertência, “não dê o mau exemplo!”. Essa relação de causa e efeito é válida, tanto para a educação de indivíduos, como para a educação de um povo. 

Um ensinamento óbvio, que retiramos dessa força e eficácia do “exemplo”, como instrumento educador, é a responsabilidade que cabe ser observada, com rigor, nos diversos segmentos da sociedade, pelos que devem, implícita e explicitamente, dar “o bom exemplo”. Na família, os pais aos filhos; na escola, os professores aos alunos; no país, os governantes ao povo... 

Desafortunados os pupilos que, no âmbito dessas relações educadoras, não têm a oportunidade de receber de seus mestres os bons exemplos, por condutas e atitudes, inerentes às suas respectivas posições e obrigações, que lhes competiriam cultivar e transmitir.

Sob esse aspecto, vivemos, no Brasil, “nossa pátria educadora”, um teatro sombrio, num palco desarticulado, onde interagem forças antagônicas de uma minoria cavilosa e obscurantista e de abnegados justiceiros, que buscam punir e derrotar os malfeitores. Na plateia, uma assistência penitente e indignada, ansiosa pela vitória exemplar, do bem sobre o mal.
 
Creio que, na cartilha dos “exemplos (des)educadores”, mentir é a mais perniciosa forma de desvio de conduta, e a mentira é a mais intensa propagadora de malefícios irreparáveis. Reconheço que, no plano filosófico, há muito que se elucubrar sobre a natureza da mentira, que chegou a merecer, de Sto. Agostinho, dois livros, para concluir que “é uma questão obscura”. Entretanto, de maneira pragmática, ocupo-me, aqui, da “mentira elaborada”, premeditada, que rebate nas pessoas e instituições, confunde-as e se propaga, irresponsavelmente, para alcançar objetivos pré-determinados, sob o princípio de que os fins justificam os meios. 

Nosso país vive um momento histórico, em que estamos sendo chamados a refletir e optar por um, dentre dois caminhos: aceitar, por motivações oportunistas, ideológicas e partidárias, a soberania da mentira, que deseducará o seu povo e desmoralizará o seu caráter nacional, ou não acatar a leniência, punindo, exemplarmente, os mentirosos, os que não sabiam, os que tergiversam, com a progressão de mentiras, debochando da inteligência dos indignados. 

Para não ficar no plano especulativo e de faltas inominadas, vou direto caracterizar dois casos concretos de maus educadores, que merecem exemplar punição: Um, a presidenta guerrilheira, Dilma Roussef, que enganou os eleitores, escondendo erros econômicos danosos, prometendo projetos inviáveis e utilizando contabilidades ilegais. Deveria, numa penitência de grandeza, devolver o mandato de mentira, ou submeter-se ao impedimento constitucional que lhe cabe sofrer.

Outro, o presidente mascate, Eduardo Cunha, escandalosamente envolvido em ganhos fantasiosos, viciadas gestões de contas, no exterior, e debochada manipulação de prerrogativas do cargo. Deveria desentupir o Legislativo, abrindo mão da blindagem amolecada e de conveniência, mudando-se de vez para os paraísos que guardam seus suados ganhos, com feijão, arroz e embutidos. 

Isso não é tudo. Mas, somado a outras pacientes e criteriosas lições, já conquistadas, seria um belo exemplo educador, para outros tantos “professores de malfeitos”, nesse fabuloso país que, sequer, concluiu o Enem.
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