Política
Opinião
Francisco Dacal conta a história de Santa Teresa de Ávila no Brasil
Teresa de Ávila sempre teve na oração o caminho para chegar a Deus, com quem desenvolveu uma forma própria de diálogo
Publicado: 12/01/2016 às 07:18
Por Francisco Dacal
Administrador de empresas
Teresa Sánches de Cepeda y Ahumada nasceu em 28 de março de 1515 em Ávila, Espanha. Criança perspicaz, desde cedo demonstrou pendores religiosos, “movida por um desejo de encontrar Deus”, e por uma forma de “ativar as pessoas de maneira humana e simples”. Na adolescência, com a perda da mãe, foi internada para educação no convento das monjas augustinas, momento em que adquiriu conhecimentos e experiências que fundamentariam seu futuro religioso. Doente, retornou para casa, mas já tinha decidido ser monja, apesar da resistência do pai. Aos vinte anos, abandonou a casa paterna e ingressou no monastério da Encarnação das Carmelitas de Ávila.
Teresa de Ávila, sempre teve na oração o caminho para chegar a Deus, com quem buscou desenvolver uma forma própria de diálogo, estímulos para desenvolvimento do lado místico. Embora adaptada ao convento da Encarnação, com vinte anos de convivência, "irrompe nela uma forte experiência de oração acompanhada do desejo de empreender algo novo e mais autêntico na vida religiosa", fato que redundou, em 1562, na fundação na Ordem das Carmelitas Descalças: “comunidade de mulheres (as monjas) iguais e orantes, que enfrentam a desigualdade, submissão e opressão com coragem, tenacidade e humildade”.
Simultaneamente ao rápido desenvolvimento da nova ordem, Teresa de Ávila escreveu a trilogia Livro da Vida, Caminho da Perfeição e o Castelo Interior ou As Moradas, e depois o Livro das Fundações, que tratam da construção e da visão de sua obra religiosa. Faleceu em 4 de outubro de 1582. Foi canonizada em 1622. Sendo declarada Doutora da Igreja em 1970.
A Ordem das Carmelitas Descalças chegou ao Brasil 1750, com a instalação do Convento de Santa Tereza na cidade do Rio de Janeiro; embora a obra de Santa Teresa de Ávila (também conhecida como Santa Teresa de Jesus) já fosse reverenciada através da Ordem Terceira do Carmo, algumas instaladas no século XVI e XVII, inclusive em Olinda e no Recife. A partir do início do século XX, a madre priora Maria José de Jesus, filha do historiador Capistrano de Abreu, realizou a reforma e expansão da ordem pelo país (em 1924, em Camaragibe-PE, instalou-se o Convento da Imaculada Conceição), bem como a tradução para o português dos livros da mentora religiosa.
Uma das referências do Século de Ouro Espanhol, o legado literário de Santa Teresa de Ávila é de estilo, prosa e conteúdo magníficos. Vários brasileiros beberam na fonte teresiana, entre eles: Murilo Mendes, Rachel de Queiroz, João Alphonsus Guimarães, Cecília Meireles, Adélia Prado, Nélida Piñon, e os pernambucanos Manuel Bandeira, que até colaborou na tradução para o português dos citados livros, e Ariano Suassuna, que declarou: “também recebi grande influência de Santa Teresa de Ávila, mulher por quem tenho grande admiração”; “uma grande escritora, uma poetisa de gênio, que vale a pena ler, porque a leitura de sua autobiografia e das Moradas é dessas das quais ninguém sai impune”.
Em comemoração aos quinhentos anos de nascimento da fundadora da Ordem das Carmelitas Descalças, ocorrido em 2015, a Embaixada da Espanha no Brasil publicou um livro com o título em epígrafe, em dezembro do ano findo, com ensaios sobre a obra de uma das grandes mulheres do mundo moderno.
Últimas

Mais Lidas
