Política
Opinião
Fernando Araújo chama atenção para a face humanista de Barack Obama
Obama é fruto de uma cultura que acredita na vida e na diversidade
Publicado: 12/01/2016 às 07:15
Por Fernando Araújo
Advogado e Doutor em Direito
Merecia mais destaque da mídia internacional o enfrentamento do presidente Barack Obama à indústria armamentista mundial. Nem mesmo os parlamentares defensores do Estatuto do Desarmamento no Brasil vieram a público reverberar a atitude corajosa do primeiro mandatário americano. Conforme noticiou este Diario de Pernambuco, o presidente chorou ao participar de solenidade ao lado de familiares de vítimas da violência em um país onde ataques a tiros se tornaram quase cotidianos (Cf. DP de 6-1-2016).
Apegados a um dogmatismo exacerbado do texto constitucional, os seus opositores republicanos o acusam de pretender violar a Segunda Emenda da Constituição dos EUA que permite cada cidadão andar armado. Eles esquecem, contudo, que o direito mudou. Já se foi o tempo da imutabilidade da norma construída a partir do texto da lei.
Ela pode ser reinterpretada, evoluir historicamente, sem mudar a literalidade do texto. Isso, aliás, levou o presidente a responder com força moral: “Fui professor de direito constitucional e acredito que podemos achar modos de reduzir a violência por armas que são consistentes com a Segunda Emenda”. Por outro lado, Obama alertou aos seus concidadãos que não se pode viver dentro de uma contradição lógica, de ser a mais poderosa e mais culta nação do planeta, mas ainda viver como no tempo do velho Faroeste. De fato, não se pode desejar a paz estimulando a guerra.
Esta é a face de um político humanista, que confere importância teórica e valor ético fundamental ao gênero humano. Um humanismo solidarista que vai conquistando a filosofia política e a teoria do Estado. Ele sabe, pois, que a violência é um tema de grande preocupação mundial e que muitos dos crimes decorrentes de ações criminosas dá-se pela utilização das armas de fogo. No Brasil, por exemplo, milhares deles são cometidos. Em razão disso, já temos a terceira população carcerária do mundo, atrás dos Estados Unidos e China.
Obama é fruto de uma cultura que acredita na vida e na diversidade. Sabe que a democracia tem inimigos, que são aqueles que querem impor suas crenças e normas como obrigação para todos. Como o primeiro presidente afrodescendente dos EUA ele dá magnífico exemplo de governança coerente entre discurso e prática. E como o seu irmão Martin Luther King também tem o mesmo sonho: que um dia, em clima de absoluta paz, “todos possam sentar-se juntos à mesa da irmandade”.
Obama é fruto de uma cultura que acredita na vida e na diversidade. Sabe que a democracia tem inimigos, que são aqueles que querem impor suas crenças e normas como obrigação para todos. Como o primeiro presidente afrodescendente dos EUA ele dá magnífico exemplo de governança coerente entre discurso e prática. E como o seu irmão Martin Luther King também tem o mesmo sonho: que um dia, em clima de absoluta paz, “todos possam sentar-se juntos à mesa da irmandade”.
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