Política

Presidente da Câmara quer dominar internet. Segundo o El País, Ele inclusive comprou todos os domínios da internet.br que tenham o nome "jesus" ou "facebook"/Antonio Cruz/ Agência Brasil

Com o sonho de ter a maior audiência evangélica do país, dominando a internet, como já admitiu, o deputado tem um público fiel que nem sempre anda com a Bíblia, mas também usa paletó. Na Câmara, existe pelo menos um grupo de 30 deputados muito ligados a ele, quase o tamanho das bancadas do PSB, PR e PSD. São nomes de todas as legendas e influentes na política, como Paulo Pereira (SD), da Força Sindical, Mendonça Filho, líder do DEM e Bruno Araújo (PSDB). Mendonça e Bruno Araújo, inclusive, viajaram com Eduardo Cunha para Israel, passando por território palestino e pela Rússia. Uma viagem de nove dias orçada em quase R$ 400 mil.
[SAIBAMAIS]Segundo informações de bastidores, a influência de Eduardo Cunha se multiplicou por ajuda financeira de campanha e distribuição de cargos na época em que ele era um aliado do governo, mesmo não muito confiável. Parlamentares de Pernambuco e de outros estados contaram ao Diario, em reserva, que Eduardo Cunha chantageava o governo para incluir matérias do seu interesse.

Apesar de todo o desgaste de Cunha, para se exemplicar, apenas dois deputados do estado assinaram o manifesto que cobra a saída dele da Presidência da Câmara: Jarbas Vasconcelos (PMDB) e Silvio Costa (PSC). A baixa adesão ao pedido de afastamento expôs uma estratégia: ninguém toca no homem que tem o poder de colocar o impeachment de Dilma Rousseff em votação. “Quem fez a corrupção foi o PT, a Dilma e o Lula. Agora, eles querem envolver exatamente a pessoa que pode apertar o botãozinho do impeachment”, disse Paulinho da Força, por telefone.
Performático
Indiferente aos deputados que o apelidam de “coisa ruim”, Cunha não é só o performático que faz a festa dos fotógrafos na Câmara. É um hábil articulador que acorda cedo, dorme tarde e responde aos deputados em qualquer hora. Um parlamentar que foi líder dos três partidos pelo qual passou, PPB, PP e PMDB, e já entrou na Comissão de Constituição e Justiça, a mais importante, no primeiro mandato, em 2003. E que também conseguiu chegar à presidência da Casa sem apoio do governo. Ou seja, é uma atuação de fazer inveja ao exército do baixo clero e do PT, que não consegue se articular.
Ex-tesoureiro de Fernando Collor na campanha de 1989, Cunha só teve a força abalada após a denúncia feita pela Lava-Jato. Mas essa não é a primeira acusação que pesa nas costas do presidente da Câmara. Segundo levantamento da reportagem, existem 22 processos no Supremo Tribunal Federal com o nome dele - Eduardo Cosentino de Cunha. Três deles são inquéritos movidos pelo Ministério Público Federal. O de número 2123, por exemplo, está em segredo de Justiça e passou nove anos arquivado. Voltou a ser movimentado em maio desse ano quando houve pedido para desarquivamento “do feito e revista dos autos”.
Havia ainda uma ação penal, de número 858, arquivada em 2014 “por insuficiência de provas”, tema do inqúerito 2984, cuja denúncia foi recebida pelo Supremo em 2013. Tratava-se de uma denúncia de uso de documentos falsos que teriam sido forjados pelo então subprocurador de Justiça do Rio, Elio Fischberg, no ano de 2002, para ajudar Cunha. A manobra teria dado idoneidade para o TCE/RJ aprovar as contas de Cunha, então presidente da CEHAB/RJ. O subprocurador foi expulso do MP. Cunha foi poupado pelo STF, que ainda não aceitou nova denúncia da Lava-Jato contra o deputado.
De estilo agressivo, contudo, Eduardo Cunha retalia numa proporção mais veloz do que é atacado. Entre os 22 processos no STF, ele moveu 11 por danos morais, dois por crimes contra a honra e difamação, além de um outro em nome de proteção a sua intimidade. Move processos com a “inocência” alegada e a mesma autoridade que fala aos ouvintes todos os dias: “Nosso povo merece respeito”.
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