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Protesto machista Site retira venda de adesivo com reprodução de Dilma em entrada de tanque de gasolina Ministra da Secretaria de Política para as Mulheres condena adesivo com o rosto da presidente que era comercializado na internet

Por: Correio Braziliense

Publicado em: 03/07/2015 09:27 Atualizado em: 03/07/2015 10:20

Dilma Rousseff está em viagem oficial aos Estados Unidos. Foto: Roberto Stuckert Filho/PR
Dilma Rousseff está em viagem oficial aos Estados Unidos. Foto: Roberto Stuckert Filho/PR
A produção e a comercialização de adesivos para carros feitos com a foto de uma mulher com as pernas abertas e o rosto da presidente da República, Dilma Rousseff, será alvo de investigação do Ministério Público Federal (MPF), da Advocacia-Geral da União (AGU) e do Ministério da Justiça. O pedido, feito na quarta-feira, partiu da titular da Secretaria de Política para as Mulheres (SPM-PR), Eleonora Menicucci. A ministra recebeu uma série de denúncias sobre a venda do produto em um site.

Para Menicucci, os adesivos lesam os direitos das mulheres, em especial. “Recebi as denúncias com muita indignação. É intolerável o material que violenta a imagem da presidente Dilma. Ele fere a Constituição ao desrespeitar a dignidade de uma cidadã brasileira e da instituição que ela representa, para a qual foi eleita e reeleita democraticamente”, afirmou por meio de nota veiculada no site da secretaria.

A ministra pediu que os órgãos instaurem, imediatamente, investigações que impeçam a produção, a veiculação, a divulgação, a comercialização e a utilização dos adesivos. Além disso, quer que sejam apuradas as responsabilidades civis e penais dos autores. Segundo Lourdes Maria Bandeira, professora titular do Departamento de Sociologia da Universidade de Brasília (UnB), a atitude é inaceitável e merece ser punida de forma exemplar. “Essas imagens da presidente Dilma ofendem qualquer ser humano, sobretudo as mulheres. É um crime grave de ofensa, pois vulgariza imagens identitárias femininas. E o caso é ainda pior porque envolve uma pessoa que exerce o cargo de presidente da República, eleita democraticamente pela maioria da população. O adesivo ataca moralmente a figura da mulher em sua condição mais íntima. Manifestações assim precisam ser combatidas, e as imagens devem ser erradicadas imediatamente”, sentenciou.
Imagem da presidente foi utilizada num "protesto" contra o aumento de gasolina. Foto: Reprodução/Internet
Imagem da presidente foi utilizada num "protesto" contra o aumento de gasolina. Foto: Reprodução/Internet

Para a professora, a iniciativa não pode ser considerada como forma de protesto. “É uma manifestação medíocre e inócua. Qualquer um que queira se manifestar politicamente contra a presidente deveria se portar de maneira mais adequada. Essa é uma forma de preconceito e de violência sexual. É algo de uma vulgaridade atroz e de violência moral profunda, além de ser uma negação em termos de manifestação política. Mostra ausência de cidadania e respeito em relação não só a presidente, mas com as mulheres brasileiras em geral”, disse Lourdes Maria.

De acordo com o site Mercado Livre, o anúncio do produto foi retirado do ar na quarta-feira, após a denúncia de um dos usuários, por considerar que o material poderia ser enquadrado como crime de difamação. Na página, era possível encontrar cada adesivo, de 60cm x 40cm, por R$ 34,90. O criador do material é um vendedor do Recife. Segundo a página virtual, o anunciante vende produtos pelo site há cinco anos e, enquanto esteve no ar, foram comercializados quatro exemplares do adesivo. A imagem foi amplamente compartilhada nas redes sociais, e os usuários afirmaram que o objetivo é protestar contra o aumento do preço da gasolina.

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