Lava-Jato Doleira é a primeira depoente a ser ouvida nesta manhã pela CPI da Petrobras

Por: Agência Câmara Notícias

Publicado em: 12/05/2015 12:38 Atualizado em:

Começou o segundo dia de audiências públicas da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras em Curitiba (PR). A comissão se deslocou para a capital paranaense para ouvir acusados que estão presos na Operação Lava Jato. Devem ser ouvidos hoje seis pessoas, nesta ordem: Nelma Kodama (doleira), René Pereira (ligado ao doleiro Alberto Youssef), os ex-deputados Luiz Argolo, Pedro Corrêa e André Vargas, e o doleiro Carlos Habib Chater.

Luiz Argôlo
Os ex-deputados Luiz Argolo, André Vargas e Pedro Corrêa foram presos há um mês na 11ª fase da Operação Lava Jato. Argôlo foi apontado pelo doleiro Alberto Youssef como beneficiário de pagamento de propina de empresas contratadas pela Petrobras.

Na época, Argolo pertencia ao PP e, segundo o doleiro, era um dos parlamentares que recebia repasses regulares a mando de Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras. A suspeita da Polícia Federal é de que Argolo tenha recebido algo entre R$ 2 e R$ 3 milhões de Youssef.

Youssef disse, em depoimento, que Argolo chegou a pedir a ele um empréstimo para pagar as prestações de um helicóptero. O doleiro afirmou que se recusou a fazer o empréstimo, mas concordou em comprar o helicóptero e emprestá-lo a Argolo durante a campanha eleitoral. O aparelho teria sido adquirido por Youssef por R$ 700 mil por meio de uma das empresas de fachada usadas pelo doleiro, a GFD.

André Vargas
André Vargas foi preso em uma investigação que não tem relação direta com desvios da Petrobras. Ele é suspeito de envolvimento em um esquema de fraude em contratos de publicidade firmados pelo Ministério da Saúde e pela Caixa Econômica Federal (CEF).

Vargas teve o mandato cassado no ano passado depois de ter usado um jatinho alugado por Youssef. Ele foi acusado ainda de tentar intermediar negócios de Youssef, dono de um laboratório de medicamentos, o Labogem, com o Ministério da Saúde.

Segundo a investigação dessa nova fase da Lava Jato, uma agência de publicidade contratada pela Caixa Econômica Federal e pelo Ministério da Saúde subcontratava fornecedoras de materiais publicitários que eram de fachada e tinham como sócios André Vargas e o irmão dele, Leon Vargas. O irmão de Vargas também chegou a ser preso e foi liberado com o fim do prazo da prisão temporária.

Pedro Corrêa
Já o ex-deputado federal Pedro Corrêa (PP-PE) , condenado pelo processo do Mensalão, teve a prisão preventiva decretada pela Justiça por suspeita de ligação com Youssef.

Ele cumpria pena de 7 anos e 2 meses de prisão, em regime semi-aberto, no Centro de Ressocialização do Agreste (CRA), em Canhotinho, Agreste de Pernambuco.

Nas investigações sobre o esquema de corrupção na Petrobras, ele teve o nome citado pelo ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa, como recebedor de propina de R$ 5,3 milhões.

Lavagem de dinheiro
A doleira Nelma Kodama é acusada de chefiar esquema de lavagem de dinheiro que envolvia a abertura de empresas de fachada e operações de câmbio no exterior. Ela foi condenada por envolvimento em 91 operações irregulares de instituição financeira, lavagem de dinheiro e corrupção. Ela também é acusada de corromper um ex-gerente do Banco do Brasil para realizar operações ilícitas por meio da casa de câmbio Da Vinci.

Nelma Kodama foi presa em flagrante na madrugada de 15 de março do ano passado quando tentava embarcar para Milão, na Itália, com 200 mil euros escondidos na calcinha. 

Ontem, a CPI ouviu Iara Galdino da Silva, apontada como “braço direito” de Kodama. Ela foi condenada a 12 anos de prisão e nega ter tido participação importante no esquema. “A única coisa que eu fiz foi abrir empresas de fachada”, disse.

As acusações que levaram à condenação de Iara partiram de Luccas Pace, que trabalhou para Nelma e fez acordo de delação premiada. “Eu trabalhava para Pace e ele atribuiu a mim crimes que ele mesmo cometeu”, disse Iara Galdino aos deputados da CPI.

René Luiz Pereira foi condenado junto com o doleiro Carlos Habib Chater (que também será ouvido hoje pela CPI) em um processo por lavagem de dinheiro proveniente de tráfico de drogas. Neste processo, um dos primeiros derivados da Operação Lava Jato, o doleiro Alberto Youssef foi absolvido.

Pereira foi condenado a 14 anos de prisão em regime fechado e multa de R$ 632.574,00 pelos crimes de tráfico internacional de drogas, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Ele foi apontado como responsável por uma carga de 698 kg de cocaína apreendida em novembro do ano passado em Araraquara (SP), segundo nota da Justiça Federal do Paraná.

Já o doleiro Chater, proprietário do Posto da Torre, em Brasília, que inspirou o nome da Operação Lava Jato, foi condenado a cinco anos e seis meses de prisão, em regime fechado, e multa de R$ 67.800,00 pelo crime de lavagem de dinheiro. Chater foi acusado de fazer operações de câmbio para o pagamento da droga no exterior.


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