Pernambuco.com
Pernambuco.com
Atenção Cada raça de gato exige um cuidado específico Doenças genéticas: muitos donos dos bichos as desconhecem. É importante ter consciência desses males para providenciar tratamentos preventivos

Por: Correio Braziliense

Publicado em: 02/02/2017 09:29 Atualizado em: 30/01/2017 17:23

O persa Luck, de 12 anos, desenvolveu a doença do rim policístico. Foto: Minervino Júnior/CB
O persa Luck, de 12 anos, desenvolveu a doença do rim policístico. Foto: Minervino Júnior/CB

Segundo o último levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população de gatos em domicílios foi estimada em 22,1 milhões, o que representa aproximadamente 1,9 felino por lar, sendo persa e siamês as raças mais comuns. Normalmente, os tutores se cercam de cuidados para receber os bichanos em casa, mas ignoram o fato de que certas raças têm predisposição genética a algumas doenças.

A policial civil Maíra Abdalla (foto), 40 anos, sempre gostou muito de gatos, mas foi pega de surpresa quando o persa Luck, de 12 anos, desenvolveu a doença do rim policístico (também chamada de PKD ou policistic kidney disease). Aos 7 anos, o gatinho começou a se alimentar muito mal. O diagnóstico foi confirmado com um exame de sangue. “Eu não sabia que a PKD era comum nessa raça. Foi muito triste, porque o problema acaba com o bichinho, que fica muito fraco”, conta a policial.

A doença do rim policístico é caracterizada pelo surgimento de cistos em ambos os rins. A longo prazo, ela causa falência renal. Infelizmente, não há muito a ser feito depois que a doença é descoberta, mas alguns cuidados ajudam a aumentar a expectativa de vida dos pets. “O Luck tem seis cistos em um rim e cinco no outro. Ele foi definhando aos poucos, mesmo com os medicamentos prescritos. O que realmente ajudou foi a acupuntura, que ele faz quinzenalmente”, revela a dona. Além disso, o felino segue uma dieta especial e é estimulado a beber muita água.

A médica veterinária Cláudia Godói, especializada em reprodução animal, explica que a predisposição das raças tem um caráter hereditário. “Se o pai ou mãe tiverem a doença, há chances de o filhote ter também. Se for uma patologia hereditária dominante, é certeza de que a cria também sofrerá do mesmo problema”, afirma.

A raça persa é uma das mais suscetíveis a males genéticos — quase todos os indivíduos têm alguma dificuldade respiratória devido ao focinho achatado (síndrome braquicefálica).

Os persas também podem desenvolver cardiomiopatias, como é o caso da gatinha Mel, de 12 anos. Há dois anos, em uma consulta de rotina, o veterinário notou algo diferente ao ouvir o coração da mascote e pediu um exame cardiológico. Com espessura maior nas paredes do coração, Mel foi ficando cada vez mais lenta. Apesar disso, a doença está controlada e os medicamentos foram interrompidos. “Sempre soube de problemas de rim na raça persa, mas não tinha ideia dessa condição cardíaca”, comenta o tutor de Mel, o analista legislativo Alexandre Delgado, 42. A felina passa por checapes cardíacos anuais, para acompanhar a evolução do quadro.

De acordo com a veterinária Daniela Figueiredo, especialista em felinos, as predisposições da raça nem sempre se confirmam. O que se sabe é que os bichanos das raças maine coon e ragdoll são fortes candidatos a desenvolver cardiomiopatia hipertrófica (CMH), principal cardiopatia dos felinos. Outra doença muito comum entre indivíduos maine coon é displasia coxofemoral — problema ortopédico caracterizado pelo desenvolvimento anormal do acetábulo e da cabeça do fêmur.

Já os felinos da raça manx têm predisposição a doenças genéticas ligadas a defeitos na coluna vertebral e do sistema nervoso. “Dependendo de como esses defeitos se manifestam, podemos observar paresia (disfunção ou interrupção dos movimentos) de membros posteriores, atonia da bexiga (falta de tônus muscular) e incontinência fecal ou urinária”, acrescenta Daniela Figueiredo. A síndrome da cauda equina também é característica da raça. A doença causa dores intensas na região lombar e pode levar à perda dos reflexos e atrofia dos músculos. “Quando se compra um gato de raça, é importante saber a procedência do gatil e dos pais do filhote, a fim de identificar eventuais patologias genéticas”, aconselha a veterinária.

Predisposições

Siamês
Asma, amiloidose (acúmulo proteico anormal em diversos órgãos e tecidos celulares) e cardiopatias congênitas.

Angorá
Surdez, cardiomiopatia hipertrófica (músculo cardíaco ampliado) e ataxia (doença neuromuscular fatal que afeta os felinos ainda filhotes).

Bengal
Neuropatia distal (distúrbio no sistema nervoso que provoca fraqueza), luxação da patela e displasia coxofemoral.

Aby
Síndrome de hiperestesia (problema neurológico que pode levar os gatos a se limparem excessivamente), luxação da patela e atrofia progressiva da retina.

Scottish fold
Osteocondrodisplasia, doença em que ossos e cartilagens se desenvolvem de forma anormal.

Consulado da RPCh no Recife tem nova cônsul-geral
Mergulho no Brasil é uma possibilidade para os turistas chineses
Cenas da China aparecem em meio ao barroco brasileiro e intrigam pesquisadores
Ao vivo no Marco Zero 09/02 - Carnaval do Recife 2024
Grupo Diario de Pernambuco