Crescimento do PIB e nova estrutura de emprego

Alexandre Rands Barros
Economista

Publicado em: 08/06/2024 03:00 Atualizado em: 08/06/2024 04:46

Duas informações vieram à tona essa semana. A primeira foi sobre o crescimento do PIB. A segunda, sobre mudanças na composição do emprego no Brasil. Novamente o PIB surpreende positivamente. O crescimento em relação ao primeiro trimestre de 2023 foi de 2,46%, acima das previsões de mercado para o ano, que é de apenas 2%. A reação do consumo das famílias e do investimento surpreenderam bastante, 4,4% e 2,7% (formação bruta de capital fixo, apenas), respectivamente, no mesmo período de comparação. Esses resultados foram obtidos com uma queda grande no PIB agrícola (2,99%) por causa da base de comparação excepcional do primeiro trimestre de 2023, que teve uma safra fora do normal. Excluindo-se a agropecuária, o crescimento do resto do PIB foi de 3,05%, bem acima do que têm sido as previsões de mercado.

A outra boa notícia foi o aumento da participação dos empregados com salários acima do salário mínimo e até de dois salários mínimos na força de trabalho empregada. Isso também na comparação entre os primeiros trimestres de 2023 e 2024. O percentual de quem recebe um salário mínimo caiu de 34,2% para 31,7%, entre 2023:1 e 2024:1. Esses dados mostram que está aumentando o emprego de melhor qualidade no país. O percentual de quem recebe mais de dois salários mínimos aumentou de 30,1% para 31,7%. E a participação dos trabalhadores empregados recebendo entre um e dois salários mínimos aumentou de 34,5% para 35,1%, sempre no mesmo período de comparação. Isso em um momento em que o salário mínimo está crescendo acima da inflação.

Ou seja, aquilo que se dizia começa a se consolidar nos números. Ao se tirar do poder os representantes do ódio, da violência e da mentira (bolsonaristas), a situação do país voltaria a melhorar. Infelizmente, essas forças do mal continuam muito fortes no Congresso Nacional. Isso tem retardado e dificultado mais avanços em qualidade de vida no país. Mas, paciência, o recalque existe e temos que conviver com esses indivíduos tão perversos. O choque entre o mundo real e a extrapolação narcisista de seus egos foi forte demais e a fragilidade psicológica deles gerou esse excesso de ódio e violência. O importante é que o bem, aos poucos, vai derrotando o mal.

Uma questão entre os economistas é se essa mudança de perfil no emprego decorre do aumento da disponibilidade de mão de obra educada, o que se caracterizaria como um choque de oferta, ou se ela seria decorrente de mudanças institucionais causadas pela reforma trabalhista. Também poderia se conceber que houve mudança estrutural na demanda, ocasionando maior concentração dela em segmentos que empregam mão de obra mais qualificada. Nesses dois últimos casos, as mudanças seriam lideradas pela demanda. Se a primeira hipótese for verdadeira, o resultado é consequência dos governos do PT (Lula I e II e Dilma I e II) e de Fernando Henrique Cardoso (I e II), que empreenderam a melhoria do ensino no Brasil. Se a reforma trabalhista foi fundamental, o governo Temer teria tido seu papel importante. Se for a estrutura da demanda apenas, o acaso seria o responsável político. Do governo Bolsonaro, só herdamos tristeza e sofrimento.

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