64 anos de história

Rui Pereira
Doutor em Cirurgia USP. Especialista em Cirurgia plástica CFM/SBCP. Coordenador do Serviço Cirurgia Plástica /IMIP. Coordenador do CADEFI/IMIP

Publicado em: 13/06/2024 03:00 Atualizado em: 12/06/2024 22:43

Quando convocado por Dra. Tereza Campos, atual Superintendente Geral, para escrever sobre o IMIP, pensei ser tarefa honrosa e que a cumpriria juntando o meu testemunho a muitos outros de que, no transcorrer dos anos, fui intérprete ou espectador preferencial dessa saga, que é a história da instituição fundada pelo Prof. Fernando Figueira e por um punhado de abnegados colaboradores nos idos dos anos sessenta. Eles, assim, mudaram conceitos e implantaram uma das mais bem-sucedidas experiências na área de saúde do país, exemplo para todos que têm compromisso com a população, aqui e também no exterior. Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOPS) têm tido apoio institucional do IMIP tanto no ponto de vista assistencial quanto na formação de quadros técnicos, numa atitude solidária com os descendentes dos povos que foram trazidos como escravos desde o início do século 16.

A figura icônica do Prof. Fernando Figueira ainda hoje permeia toda a atividade da instituição, pois evidencia exemplarmente o respeito pelo paciente e seus familiares, pelos profissionais de saúde, independentemente da sua formação ou qualificação, numa atitude holística, em que o ser humano é inteiro e único e não um agregado de tecidos e sistemas desconexos, sobre o qual a equipe de saúde se debruça segmentarmente. Em algumas oportunidades, o Prof. Figueira me solicitava um atendimento, reforçando que, embora pediatra de formação, era o clínico solicitado pelos familiares de seus pequenos pacientes ou ainda daqueles que, tendo atravessado com ele a infância e a adolescência, optavam por continuar sob seus cuidados!

Dessa atitude diferente, seus alunos e sucessores, entre os quais Gilliatt Falbo, João Guilherme e Antônio Carlos Figueira, construíram no Nordeste brasileiro uma experiência com um método pedagógico então em vigor em poucas universidades europeias, o PBL (Aprendizado Baseado em Problemas), que traz para a prática a visão hoje adotada em muitas instituições de ensino, inclusive nos programas de pós-graduação do IMIP, quer lato quer stricto sensu. Os programas de residência médica ou multidisciplinares do IMIP são quantitativa e qualitativamente os mais procurados na região Nordeste, atraindo jovens profissionais em múltiplas áreas de atuação, em que, além do aprendizado específico, cultivam a forma de ser imipiana, da construção continuada do Sistema Único de Saúde, com respeito pelo paciente   e opção por tratamentos baseados em evidências.  

A expansão da cobertura assistencial, do ensino e da pesquisa levou à necessidade de uma gestão dinâmica e austera, com a necessidade de formação de novas lideranças e novos instrumentos gerenciais, além da obtenção de novos recursos econômicos e financeiros que pudessem trazer maior autonomia à instituição.

O envolvimento social, a humanização, a qualidade, a interação intra e extrainstitucional, a ética, as boas práticas e a preservação do meio ambiente são valores que devem continuar a ser preservados e transmitidos. Como dizem alguns dos nossos jovens colaboradores: “Plante uma figueira em nossos corações”.

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