Semana de oposição sem bom senso

Alexandre Rands Barros
Economista

Publicado em: 25/05/2024 03:00 Atualizado em: 24/05/2024 22:55

A semana foi marcada pela presença do ministro Fernando Haddad numa comissão da Câmara dos Deputados, onde apresentou informações sobre a situação econômica do país e teve que enfrentar a fúria de vários bolsonaristas, a turma cujos pilares de atuação são a difusão do ódio, a propagação da violência e de mentiras. Os pilares do bolsonarismo (ódio, violência e mentiras) geram esse tipo de atitude dos seus representantes. Reclamaram da cobrança de ICMS (imposto estadual definido pelos governadores) nas remessas abaixo de US$ 50,00; deturparam informações e agrediram desnecessariamente e com base em informações erradas. Só não foi deprimente porque foi patético. Temos que melhorar a qualidade de nossas bancadas federais. Nós pernambucanos temos os nossos próprios deputados sem noção das coisas. Mas a maioria é tão fraquinha, que está mais para um zero à esquerda do que para um número negativo pesando perversamente no desenvolvimento do Brasil.

O governo federal mostrou resultados de arrecadação acima do previsto inicialmente no primeiro quadrimestre. Apesar disso, as projeções de déficit primário foram elevadas, passando de R$ 9,1 bi para R$ 14,5 bi. Despesas, tanto obrigatórias quanto discricionárias, aumentaram mais do que o previsto. Esse pequeno incremento do déficit, contudo, não viola as metas fiscais, ainda estando dentro dos limites impostos pela lei. Junto com as previsões de gastos para a recuperação do Rio Grande do Sul, a elevação da dívida pública volta a preocupar, sobretudo por causa das perspectivas de manutenção da taxa de juros Selic acima do previsto inicialmente. Vale lembrar que variações da dívida decorrem do déficit nominal, que inclui juros pagos sobre a dívida atual. O país precisa crescer para reduzir a asfixia causada pela dívida. A elevação da receita, mesmo que positiva, não está sendo suficiente para gerar o resultado necessário.

O governo federal resiste a discutir a venda de reservas cambiais, que persistem bem acima dos níveis necessários, para a estabilidade da taxa de câmbio do país. Como a inflação tem se mantido sob controle, mesmo com o déficit primário persistindo, está havendo uma certa acomodação quanto ao nível de crescimento da dívida pública. Além de seu impacto na dívida bruta do governo, a venda de reservas poderia, inclusive, reduzir ainda mais a inflação por decorrência da valorização do Real e consequente queda de preços dos produtos importados.

O momento em que nos encontramos demanda uma oposição de qualidade que aponte soluções, ao invés de histericamente ficar fazendo críticas sem fundamentos. Poderia estar apontando onde estão os gastos excessivos do governo federal e propor metas de redução por tipo deles, já que ela é contra o aumento de arrecadação. Mas, o que vemos é uma oposição barulhenta e cheia de ódio no coração, que sempre adere a propostas de elevação de gastos e não propõe os cortes que julgam necessários, dentro de uma lógica de um projeto para o país. Por exemplo, se julga que se gasta demais no Bolsa Família, proponha sua redução, inclusive no valor dos benefícios. Se acha que os gastos militares são excessivos (esses, eu também acho), que proponha corte neles. Mas apenas criticam aumento de receitas e não apontam onde o equilíbrio fiscal pode ser promovido. Lamentável que tenhamos que ter uma oposição de tão baixa qualidade.

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