Responsabilidade e solidariedade

Sérgio Ricardo Araújo Rodrigues
Advogado e Professor Universitário

Publicado em: 17/05/2024 03:00 Atualizado em: 16/05/2024 23:03

Em um momento de catástrofe que o Rio Grande do Sul vem passando, duas palavras vem à mente: responsabilidade e solidariedade.

Começando pelas mudanças climáticas e pelo aquecimento global, o dedo do ser humano está em toda parte, com resultados desesperadores porque, em vez de gerar riqueza, bem-estar e felicidade, está criando um ambiente hostil, onde eventos de origem climática crescem em força e frequência.

As catástrofes são cada vez mais recorrentes no Brasil e, com elas, vem a consequência do dano. Estes prejuízos podem ser tanto econômicos, quanto perda de vidas humanas. Isto leva a considerar o porquê de tamanha frequência sem nenhuma mitigação ou prevenção.

Este aumento serve de alerta para dar maior importância aos fenômenos e como geri-los. Para isto, tem-se o mecanismo da gestão de riscos, da qual a correta aplicação torna possível a diminuição em termos de incidência e danos.

Entretanto, de nada serve possuir os mecanismos se não houver o uso correto por parte do Estado. Este deve agir de forma eficiente, cumprindo com suas responsabilidades e zelando assim, pela população.

Por outro lado, quando tais eventos ocorrem devemos estimular a solidariedade.

O papa Francisco, no último domingo manifestou sua solidariedade pelas famílias atingidas pela catástrofe no Rio Grande do Sul.

“Asseguro a minha oração pelas populações do estado do Rio Grande do Sul, no Brasil, atingidas por grandes inundações. Que o Senhor acolha os mortos e conforte os familiares e quem teve que abandonar suas casas”, afirmou o Papa, dirigindo-se aos fiéis na Praça de São Pedro, no Vaticano.

Originada no Francês Solidarité, solidariedade significa se identificar com o sofrimento do outro e, principalmente, se dispor a ajudar a solucionar ou amenizar o problema.

A história acumula muitos exemplos de ações humanas que desafiam e transcendem a lógica do instinto animal, que também possuímos. Diferente da lógica comum à natureza selvagem dos animais, há seres humanos que conseguem privar-se de um benefício vital para garantir a vida do outro que ama.

Vejo nesses dias pessoas deixando a segurança de seus lares, fazendo doações, procurando ajudar famílias, animais domésticos ou rurais, imersos em águas sujas, trazendo um pouco de alento àqueles que tanto precisam.

Numa mesma data vemos os efeitos do pior e o melhor da humanidade, sendo o pior o efeito destrutivo de seus atos perante a natureza e o melhor, a solidariedade com os que precisam.

Deixo trecho do Poema para a catástrofe do nosso tempo de Alberto Pucheu:

“A cada momento, tentamos aprender a fazer, fantasmaticamente, o improvável luto de nossas mortes, o que, quando conseguimos, é tão somente de um modo individual, jamais coletivamente.

Nunca aprendemos a fazer o luto coletivo do que matou e torturou muitos de nós, nunca aprendemos a fazer a luta coletiva contra nossa história de horror”.


Estamos em luto, mas devemos lutar!

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