O fenômeno das fake news e a pós-verdade no movimento docente

Edeson Siqueira
Ex-presidente da ADUFEPE e ex-membro da coordenação nacional do Observatório do Conhecimento

Publicado em: 23/05/2024 03:00 Atualizado em: 23/05/2024 00:28

A proliferação de fake news e o fenômeno da pós-verdade têm causado distúrbios consideráveis no cenário político global, refletindo-se de forma marcante nas eleições brasileiras desde 2014 e alcançando um ponto crítico em 2018 e 2022. Esse mesmo padrão tem se infiltrado nas Instituições Federais de Ensino Superior (IFES), onde o movimento docente vem enfrentando desafios similares, com a disseminação de informações falsas e a manipulação de narrativas por grupos minoritários que não ocupam posições nas gestões da universidade ou sindicais. Esses grupos têm usado a desinformação como uma ferramenta para desestabilizar a administração eleita e fomentar uma atmosfera de desconfiança e conflito.

O fenômeno das fake news e a pós-verdade no movimento docente universitário representa uma ameaça significativa à integridade e à qualidade das instituições de ensino superior. A disseminação de informações falsas e a manipulação de narrativas minam a confiança nas administrações eleitas democraticamente e criam um ambiente de desconfiança e conflito. Além disso, a proliferação de fake news prejudica a capacidade dos docentes e estudantes de tomar decisões informadas, comprometendo a missão educativa das universidades e a formação de cidadãos críticos e bem informados.

A disputa política no movimento docente das federais, frequentemente marcada por uma postura antissistema, parece ser um reflexo de uma luta mais ampla contra estruturas democráticas estabelecidas. Essa postura é caracterizada por tentativas de destituir direções eleitas democraticamente, baseando-se em decisões sectárias que, embora apoiadas por uma minoria dos docentes (2% a 3%), buscam impor seus interesses, muitas vezes em detrimento dos interesses coletivos e do consenso majoritário.

Neste contexto, torna-se crucial analisar criticamente como a desinformação e a manipulação da verdade impactam não apenas a política em um sentido macro, mas também as dinâmicas internas de instituições educacionais que são pilares da democracia e do pensamento crítico. A defesa da democracia dentro dessas instituições exige um compromisso com a integridade da informação e uma compreensão profunda dos fatos, além de um esforço contínuo para educar e qualificar todos os membros da comunidade acadêmica a discernir entre informações verdadeiras e manipuladas.

É imperativo fortalecer os mecanismos de checagem de fatos e quepromovam uma cultura de transparência e diálogo aberto. Isso envolve não apenas a rejeição de narrativas falsas, mas também a promoção de um ambiente inclusivo onde todas as vozes possam ser ouvidas e onde as decisões sejam tomadas com base na vontade da maioria e no respeito mútuo. Apenas através de um compromisso renovado com estes princípios será possível preservar a legitimidade e a eficácia dos processos democráticos dentro das nossas instituições educacionais, garantindo que elas continuem a ser espaços de aprendizado, inovação e crescimento pessoal e coletivo.

Firmes na luta!

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