![Ministra da Economia ucraniana, Yulia Svyrydenko (Foto: Tetiana DZHAFAROVA/AFP) Ministra da Economia ucraniana, Yulia Svyrydenko (Foto: Tetiana DZHAFAROVA/AFP)]() |
Ministra da Economia ucraniana, Yulia Svyrydenko (Foto: Tetiana DZHAFAROVA/AFP) |
O governo ucraniano anunciou que irá enviar uma delegação dos ministérios da Economia, das Finanças, das Relações Exteriores e da Justiça a Washington para iniciar as negociações sobre um novo esboço de acordo que daria aos Estados Unidos acesso aos valiosos recursos minerais do país.
“O novo esboço do acordo dos EUA mostra que a intenção de criar um fundo ou investir em conjunto se mantém. É evidente que os parâmetros completos deste acordo não podem ser discutidos online”, afirmou a ministra da Economia ucraniana, Yulia Svyrydenko, acrescentando a necessidade de os dois lados se encontrarem presencialmente para avançar com as negociações.
Depois de semanas de silêncio, os EUA enviaram uma nova versão do acordo a Kiev, que vai além da estrutura original. “O que temos agora é um documento que reflete a posição da equipe jurídica do Tesouro dos EUA”, apontou Svyrydenko, para quem esta não é uma versão final, não é uma posição conjunta.
A ministra disse que a Ucrânia, por isso, pretende agora reunir uma equipe técnica para as negociações, definir as suas linhas vermelhas e princípios fundamentais e assim enviar a delegação a Washington para negociações técnicas já na próxima semana.
No entanto, apos legisladores ucranianos terem divulgado o novo esboço de acordo, os analistas o consideraram como sendo pouco mais do que uma tentativa de retirar Kiev do controle sobre os seus próprios recursos naturais e infraestruturas, alegando que em causa não estavam apenas os minerais de terras raras, mas ainda o gás e o petróleo.
A Ucrânia possui depósitos significativos de mais de 20 minerais considerados estrategicamente críticos pelos EUA, incluindo o titânio, utilizado na aviação, o lítio, essencial para várias tecnologias de baterias, e o urânio, necessário para a produção de energia nuclear.
Os impasses nas conversações para um acordo sobre os minerais já suscitaram tensões e atritos entre as relações entre a Ucrânia e a Casa Banca. As duas partes planejavam assinar um acordo em fevereiro, quando se deu um desentendimento entre o presidente dos EUA, Donald Trump, o vice-presidente JD Vance e o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, no salão Oval.
A guerra
Enquanto isso, Zelensky acusou no domingo Moscou de não estar interessada numa trégua e criticou os EUA por não responderem a recusa da Rússia em respeitar o cessar-fogo açodado.
O líder ucraniano considera que os mais recentes ataques russos confirmam que o Kremlin não está interessado numa trégua e observou que os mísseis estão sendo lançados a partir do Mar Negro. "A Ucrânia aceitou a proposta americana de um cessar-fogo total e incondicional. Putin rejeita", denuncia Zelensky.
O presidente da Ucrânia também afirma que a Rússia "distorce a diplomacia" ao dizer que aceita uma trégua no Mar Negro enquanto continua a bombardear o seu país a partir de navios na região. “O regime de Vladimir Putin quer conservar a capacidade de atacar cidades e portos ucranianos a partir do mar, revelando que não quer acabar com a guerra, mas sim assegurar uma maneira de reavivá-la em qualquer momento, com mais força", disse.
Zelensky ainda criticou a administração Trump, que se reaproximou de Vladimir Putin, e não conseguiu mais do que um acordo para uma trégua no Mar Negro e uma moratória sobre os ataques contra infraestruturas energéticas, que os dois lados acusam de estar sendo violado. “Estamos à espera que os EUA respondam aos mais recentes ataques russos contra a Ucrânia, mas, até ao presente, não houve resposta”, comentou, apelando ainda à União Europeia que tome medidas.
Além disso Zelensky destacou que os ataques aéreos russos contra a Ucrânia estão aumentando, mostrando que a pressão internacional sobre o Kremlin ainda é insuficiente. O governo de Kiev acusa a Rússia de ter lançado nesta madrugada um ataque maciço contra a Ucrânia, lançando mísseis balísticos, mísseis de cruzeiro e drones.