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DIPLOMACIA

EUA admitem a soberania do Panamá sobre Canal

O Panamá e os EUA também se comprometeram a identificar um mecanismo para compensar o pagamento dos postos de pedágios

Publicado em: 09/04/2025 14:27

Trump insistiu e ameaçou recuperar, mesmo com o uso de força militar, o Canal do Panamá
 (Crédito: AFP)
Trump insistiu e ameaçou recuperar, mesmo com o uso de força militar, o Canal do Panamá (Crédito: AFP)

O secretário da Defesa dos Estados Unidos,  Pete Hegseth, reconheceu a liderança e a soberania inalienável do Panamá sobre o Canal e as suas áreas adjacentes. Em um comunicado em conjunto dos dois países, o governo panamenho ainda reiterou a decisão de abandonar a iniciativa da China no megaprojeto ‘Uma Faixa, Uma Rota’.

"O secretário Hegseth recebeu calorosamente o compromisso do presidente panamenho, José Raúl Mulino, de fazer do Panamá o primeiro país do nosso hemisfério a se retirar da iniciativa Uma Faixa, Uma Rota e de reduzir a presença problemática da China em outras regiões.

Além disso, o secretário Hegseth reconheceu a liderança e a soberania inalienável do Panamá sobre o Canal do Panamá e as suas áreas adjacentes", diz a nota, que foi divulgada durante a visita do chefe do Pentágono ao país.

O Panamá e os EUA também se comprometeram a identificar um mecanismo para compensar o pagamento dos postos de pedágios e taxas portuárias cobrados pelos navios de guerra norte-americanos pela travessia do canal, uma das queixas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Desde a sua retomada a Casa Branca, Trump defendeu que a concessão de dois dos cinco portos localizados ao redor do Canal à empresa de Hong Kong CK Hutchison significava que a via navegável estava sob controle de Pequim.

Trump insistiu e ameaçou recuperar, mesmo com o uso de força militar, o Canal do Panamá para a gestão norte-americana, alegando que foram os EUA que o construíram no século passado e o administraram durante mais de oito décadas, até à transferência definitiva da via para o Panamá, em  um acordo de 1999. Trump contestou inclusive o acordo.

Em março, a gestora de ativos norte-americana BlackRock anunciou ter acordado com a empresa operadora chinesa CK Hutchison para a transferência da concessão portuária, que Trump saudou como uma vitória.

Mas, a transação foi interrompida por uma investigação do regulador antimonopólio da China, que declarou essa semana que examinará o acordo, avaliado em cerca de 23 bilhões de dólares.

No entanto, antes da divulgação da declaração conjunta do Panamá e dos EUA, Pete Hegseth afirmou que a administração Trump não vai permitir que "a China comunista" ponha em risco a operação do canal interoceânico, que liga os oceanos Atlântico e Pacífico.

"O Canal do Panamá enfrenta novas ameaças. Os Estados Unidos não permitirão que a China comunista ou qualquer outro país ponha em risco a operação ou a integridade do canal", garantiu o secretário da Defesa norte-americano.

Além do mais, na segunda-feira (7) as autoridades panamenhas publicaram as conclusões de uma auditoria, lançada em janeiro, à subsidiária da CK Hutchison que opera os portos de Balboa (Pacífico) e Cristóbal (Atlântico), alegando irregularidades na concessão e dívidas com o Governo do Panamá.

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