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Mianmar

Embaixador brasileiro diz que Mianmar precisa de apoio urgente

Há um ano e meio no país, Gustavo Rocha de Menezes ressalta que as dificuldades se acentuaram após o terremoto. Ele lembra que muitos sobrevivem de ajuda humanitária e milhares são deslocados

Publicado em: 31/03/2025 09:38

Monges birmaneses acompanham buscas em templo de Mandalay (Crédito: AFP)
Monges birmaneses acompanham buscas em templo de Mandalay (Crédito: AFP)

O governo do Brasil acompanha de perto as consequências do terremoto de magnitude 7,7, um dos mais fortes do século, em Mianmar. O embaixador brasileiro no país, Gustavo Rocha de Menezes, reiterou ao Correio que a ajuda internacional é urgente, uma vez que essa é uma região devastada pela guerra e por conflitos étnicos intensos. Segundo o diplomata, a comunidade de brasileiros é de apenas 10 pessoas. A recomendação é evitar o turismo.

"Em Mianmar, há vários grupos de luta armada, portanto, é uma área de conflito de guerra. A situação se intensificou após 2021, com a junta militar no poder. Com o terremoto, a situação, que era difícil, ficou ainda mais complexa. Índia e China estão ajudando com o envio de equipes de resgates, doações de kits médicos e hospitalares, além de água potável", afirmou o diplomata.

Os serviços de emergência continuaram, neste domingo (30/3), as buscas por sobreviventes e pelas vítimas do tremor de sexta-feira, que deixou pelo menos 1,7 mil mortos em Mianmar e que também foi sentido na Tailândia, onde 18 pessoas morreram. Segundo o embaixador, há 3,4 mil feridos e 139 desaparecidos. 

"O governo militar já informou que esses números mudam a todo momento, que há uma tendência de aumentar, infelizmente", ressaltou Rocha de Menezes. "Não temos informações de turistas brasileiros no país. Sugerimos, inclusive, que neste momento não venham. Em 2024, foram 302."

Desafios

De acordo com o embaixador, as autoridades militares afirmam que a necessidade mais urgente é prestar assistência às vítimas, concentradas nas áreas de Mandalay, centro do budismo no país, e em Naypyitaw, a capital. Porém, as embaixadas e representações estrangeiras ficam em Yangon, que no passado foi capital e hoje segue como centro econômico e financeiro.

"Quando houve o terremoto, estávamos todos trabalhando aqui na embaixada. A impressão que se tem é que o chão está deslizando. É uma sensação de medo e isso deixou muitos assustados, querendo logo avisar às famílias no Brasil, que tudo estava bem", recordou o diplomata.     

As dificuldades já existentes em Mianmar se acentuaram após o terremoto, pois a comunicação, que depende de satélite e é controlada pelo governo militar, está mais difícil. Também aumentou o racionamento de energia elétrica — são pouquíssimas horas por dia com luz. Segundo o embaixador brasileiro, essas limitações "são normais" no cotidiano de uma região acostumada a viver períodos de chuvas intensas, desastres, como o de furacões e terremotos, além de enchentes.

Independente do Reino Unido desde 1948, Mianmar, com 54,2 milhões habitantes, vive sob um governo de junta militar há quatro anos, desde que o presidente Win Myint foi detido ao lado de outras autoridades. No comando, está o general Min Aung Hlaing, que fez um raro pedido de ajuda internacional. As relações diplomáticas com o Brasil começaram em 1982. Os acordos se concentram em cooperação técnica.

Preocupações

O terremoto, do dia 28, ocorreu a duas semanas do Festival das Águas, em Mianmar, considerada a festa mais importante do país por representar o início do ano-novo. Por quatro dias, há muita celebração. Os budistas da ordem Teravada acreditam que a água depura os pecados e renova a cada ciclo. Nesse período, as pessoas deixam de lado os problemas concretos para aproveitar as comemorações.

Porém, desta vez, será um desafio esquecer os impactos deixados pela tragédia recente. Como se não bastasse o terremoto, em maio começa a temporada de chuvas na região, que vai até setembro. São meses em que as enchentes e catástrofes naturais se agravam.  

"O país já vive uma situação bastante delicada, pois boa parte dos habitantes depende realmente de ajuda humanitária e cerca de 3 milhões são deslocados por causa dos conflitos armados e das lutas dos grupos minoritários", destacou o embaixador.  
 
As informações são do Correio Braziliense. 

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