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Faixa de Gaza

Ministro da Defesa de Israel ordena preparação da saída dos residentes de Gaza

A instrução acontece após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, dizer que o país tenciona ocupar Gaza e reinstalar os palestinos residentes em outros países

Publicado: 06/02/2025 às 11:58

/Foto: Bashar TALEB / AFP

/Foto: Bashar TALEB / AFP

Nesta quinta-feira (6), o ministro da Defesa israelense, Israel Katz, ordenou ao exército que prepare um plano para permitir a saída dos habitantes da Faixa de Gaza, segundo a mídia de Israel.
 
A instrução de Katz acontece após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, dizer que o país tenciona ocupar Gaza e reinstalar os palestinos residentes em outros países, tendo ainda a proposta de transformar a terra natal dos palestinos na Riviera do Oriente Médio e construir um resort na região.

Katz também defende que os palestinos que saírem ‘voluntariamente’ de Gaza devem ser acolhidos pelos países que se opuserem às operações militares no enclave. “Países como a Espanha, a Irlanda, a Noruega e outros, que lançaram acusações e falsas alegações contra Israel por causa das suas ações em Gaza, são legalmente obrigados a permitir que qualquer residente de Gaza entre nos seus territórios.Congratulo o plano ousado do presidente Trump. Os residentes de Gaza devem ter a liberdade de sair e emigrar, como é a norma em todo o mundo”, disse ao Canal 12 de Israel.

Os políticos israelenses de extrema-direita apoiaram a ordem dada por Katz. “Felicito o ministro da Defesa pela decisão de dar instruções às Forças de Defesa de Israel para se prepararem para cumprir o nosso papel no plano de migração que permite a saída dos habitantes de Gaza para os países de acolhimento”, afirmou Bezalel Smotrich, ministro das Finanças.

No entanto, a maioria dos palestinos de Gaza se recusa a ser deportada e está determinada a permanecer e a reconstruir a sua terra, além de deixar os residentes em Gaza incrédulos e indignados.

Aproximadamente 70% dos cerca de 2,1 milhões de habitantes de Gaza já são registrados pela Organização das Nações Unidas como refugiados, muitos dos quais são descendentes dos palestinos que acabaram deslocados em 1948, quando cerca de 700 mil palestinos foram expulsos ou forçados a fugir das suas casas durante a criação de Israel, sendo impedidos de regressar às suas casas num território que hoje é israelense. Os árabes se referem a este momento como “Nakba”, que significa catástrofe.

A determinação de não permitir que essa expulsão se repita, independentemente das dificuldades atuais, se repete entre a população em Gaza.

A sugestão de Trump, além disso, gerou críticas e oposição severas em todo o mundo.

Enquanto isso, o congressista democrata Al Green acusou o Trump de promover e defender a limpeza étnica em Gaza, tendo mostrado a intenção de avançar com um processo de impugnação ao presidente dos EUA. “O movimento para destituir o presidente já começou. A limpeza étnica em Gaza não é uma piada, especialmente quando emana do presidente dos Estados Unidos, a pessoa mais poderosa do mundo, quando ele tem a capacidade de efetuar o que diz”, afirmou, acrescentando que o primeiro-ministro de Israel devia ter vergonha.

Já o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres defendeu o direito de palestinos viverem como seres humanos na sua própria terra. Num discurso na ONU perante o Comitê sobre o Exercício dos Direitos Inalienáveis do Povo Palestino, Guterres considerou essencial evitar qualquer forma de limpeza étnica e reafirmar a solução de dois Estados, além de lamentar a desumanização e demonização assustadora e sistemática desse povo.

"Qualquer paz duradoura exigirá progresso tangível, irreversível e permanente em direção à solução de dois Estados, o fim da ocupação e o estabelecimento de um Estado Palestino independente, com Gaza como parte integrante. Um Estado Palestino viável e soberano, a viver lado a lado em paz e segurança com Israel, é a única solução sustentável para a estabilidade do Oriente Médio", reforçou Guterres, destacando ainda que na busca por soluções, não se deve piorar o problema.
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