GUERRA
Ataques de Israel deixam dezenas de mortos em Gaza e na Cisjordânia
Uma ofensiva aérea danificou duas casas na cidade de Beit Lahiya, no norte de Gaza, onde o exército tem executado operações desde 5 de outubro
Por: Isabel Alvarez
Publicado em: 05/11/2024 16:03 | Atualizado em: 05/11/2024 16:29
Mulher descansa com seus filhos enquanto palestinos deslocados fogem de Beit Lahia, no norte da Faixa de Gaza (Foto: Omar AL-QATTAA / AFP ) |
Os militares israelitas emitiram novas ordens de evacuação no norte da Faixa de Gaza apos terem realizado ataques em todo o enclave palestino que, causaram mais de 54 mortos em Gaza, sendo 39 apenas na região norte, e ainda na Cisjordânia ocupada nas últimas 24 horas.
Uma ofensiva aérea danificou duas casas na cidade de Beit Lahiya, no norte de Gaza, onde o exército tem executado operações desde 5 de outubro, e que matou mais de 20 pessoas somente na segunda-feira (4).
As autoridades de saúde também informaram que outras quatro pessoas foram mortas na cidade de Al-Zawayda, no centro de Gaza, durante a madrugada de ontem. E dois bombardeios atingiram tendas na cidade de Deir al-Balah, no centro da Faixa, matando seis pessoas, além de um ataque em Khan Yunis, no sul, que fez três mortos, incluindo uma criança.
Já o porta-voz da Defesa Civil de Gaza, Mahmud Basal, reiterou que os serviços de ambulância não estão funcionando no norte do enclave, uma vez que Israel deslocou a maior parte dos seus trabalhadores para o sul e deteve sete destes, assim as pessoas que ficaram presas na área não tem como receber ajuda. O diretor do Hospital Kamal Adwan, Hossam Abu Safiya, também compartilhou um vídeo na rede social que documenta o bombardeio israelense da unidade médica no norte de Gaza, que provocou pânico e medo entre os pacientes e os funcionários. O vídeo mostra o piso superior do hospital a sendo bombardeado pelas forças israelenses, com enfermeiros e pacientes feridos fugindo à medida que o ataque se intensificava.
Nesta terça-feira (5), aviões israelenses ainda lançaram panfletos sobre Beit Lahiya, uma cidade localizada a norte de Jabalia, ordenando aos residentes que ainda não abandonaram as suas casas e os abrigos que albergam famílias deslocadas que abandonem completamente a cidade e se dirijam para o sul.
Os palestinos relatam que os ataques e as ordens israelenses de evacuação objetivam esvaziar duas cidades do norte de Gaza e um campo de refugiados para criar zonas tampão. Por outro lado, Israel alega que as evacuações se destinam a manter os civis fora de perigo enquanto as suas tropas combatem os combatentes do Hamas.
Além disso, mais de 100 doentes, incluindo crianças que sofrem de traumatismos e doenças crônicas, serão evacuados de Gaza entre hoje e quarta-feira de Gaza, numa rara transferência para fora da zona devastada pelo conflito, segundo comunicou Rik Peeperkorn, da Organização Mundial de Saúde.
Cresce a violência na Cisjordânia
Na Cisjordânia ocupada três palestinos morreram, sendo duas vítimas de ataques aéreos e o terceiro por um tiro na localidade de Tammun. Ao sul de Jenin, dois outros palestinos foram mortos em um bombardeio israelense na cidade de Qabatiyah, de acordo com o governador da região, Kamal Abou al-Rob.
A violência na Cisjordânia, um território ocupado pelo governo de Tel Aviv desde 1967, escalou desde o início da guerra em Gaza, com a morte de 754 palestinos pelas forças israelenses ou por colonos.
Segundo dados do exército de Israel, pelo menos 24 israelenses, incluindo soldados, morreram em ataques palestinos ou operações militares.
Acordo afetado devido à divulgação de documentos confidenciais
O fracasso nas negociações para um acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hamas pode estar relacionado à divulgação e alegada falsificação de documentos oficiais à comunicação social. A informação foi avançada pelo jornal israelense Hareetz, apos um tribunal do país indiciar como suspeito, Eliezer Feldstein, antigo assessor do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, além de mais quatro pessoas, incluindo membros da segurança israelense. Todos já estão detidos.
O Exército e os serviços de inteligência e informação de Israel, o Shin Bet, abriram uma investigação depois de, em setembro deste ano, o jornal britânico Jewish Chronicle e o alemão Bild terem publicado artigos baseados em documentos militares confidenciais, enquanto decorriam negociações de cessar-fogo e de libertação de reféns.
Os documentos falsificados alegavam que o Hamas pretendia contrabandear reféns israelenses para o Egito, colocando em risco qualquer acordo de paz. Mas, segundo um tribunal de Israel, estas informações eram, em parte, falsas e prejudicaram o acordo para libertar reféns.
No entanto, os opositores de Netanyahu suspeitam que o primeiro-ministro tenha usado o desvio de informação para se recusar a abdicar do controle do corredor entre o Egito e o sul de Gaza, apesar da questão ser um grande obstáculo nas negociações de tréguas com o Hamas. Os mais críticos também apontam a possibilidade dos documentos terem sido falsificados e divulgados para proteger o Netanyahu, que pode vir a ser acusado de supostamente aceitar subornos.
Netanyahu negou qualquer irregularidade cometida pelo Governo, mas as famílias dos reféns acusaram o Executivo de sabotar as negociações. Um porta-voz do premiê declarou ainda que não houve emissão ilegal de documentos do gabinete do primeiro-ministro e que a pessoa em questão nunca participou de discussões relacionadas com a segurança, se referindo a Feldstein. A mesma fonte descartou a possibilidade de que a divulgação destas informações tenha afetado as negociações com o Hamas para a libertação de reféns de Gaza, considerando uma alegação “ridícula”.
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