REDES SOCIAIS
Fake news invadem rede X nas eleições europeias
No período que antecedeu as eleições para o Parlamento Europeu, as redes sociais foram dominadas por desinformação, diz estudo
Por: Isabel Alvarez
Publicado em: 12/07/2024 14:48
Investigadores verificaram 2,3 milhões de publicações de 468 mil contas, identificando cerca de 50 mil como contas criadas para espalhar desinformação (Foto: Freepik) |
De acordo com estudo investigativo realizado na Holanda e divulgado nesta sexta-feira, comprovou-se que, no período que antecedeu as eleições para o Parlamento Europeu, as redes sociais, sobretudo, na Alemanha, França e Itália foram dominadas por desinformação, com contas que estavam coordenadas para espalhar informações falsas, principalmente na plataforma X (antigo Twitter).
A investigação constatou também que grande parte das contas identificadas nos quatro países, incluindo na Holanda, foram criadas após a invasão russa à Ucrânia, tendo sido, entretanto, ativadas algumas semanas ou dias antes das eleições europeias. Nessa fase houve o registrou de um imenso crescimento do número de seguidores, indicaram os investigadores da empresa consultora especializada Trollrensics, citados na publicação do jornal britânico The Guardian.
Analisando as redes sociais nestes países com um software especializado, os investigadores verificaram 2,3 milhões de publicações de 468 mil contas, identificando cerca de 50 mil como contas criadas para espalhar desinformação.
“O impacto destas contas está aumentando de um modo alarmante. Podemos concluir com absoluta certeza que uma grande rede coordenada de contas estava influenciando as eleições da UE na Alemanha, França e Itália”, afirma o documento da Trollrensics.
Nas redes sociais francesas foram identificadas mais de 127 mil publicações que mencionavam Éric Zemmour, o fundador do partido político de extrema-direita Reconquête. Destas, 20% haviam sido publicadas por contas de desinformação. E na Alemanha, 10% das publicações sobre o Alternative für Deutschland eram também dessas contas. No entanto, a Trollrensics destacou que a percentagem real de informações falsas veiculadas nesses dois países era, provavelmente, maior.
Por outro lado, o estudo não encontrou redes organizadas para difundir desinformação na Holanda. Já na Itália, as desinformações se referiam pouco às eleições, concentrando-se mais em temas controversos como a migração ou a vacinação. “O aumento destas redes e dos seguidores demonstra que conseguem assumir o controle de um debate inteiro simplesmente inundando a rede X com publicações, republicações, comentários e gostos. Estas contas estão, além disso, densamente conectadas e são, provavelmente, geridas por humanos e não por Inteligência Artificial”, segundo a investigação.
A Trollrensics é especializada em analisar redes de desinformação que normalmente incluem contas de “trolls” que tentam interferir de forma organizada para influenciar a opinião pública. Intitulado “Investigação às Eleições Europeias”, o relatório indica que estas redes de desinformação “necessitam de recursos humanos e tempo significativos”.
Muitas das contas agora identificadas também foram criadas depois, logo no início de janeiro deste ano, e acumularam um grande número de seguidores muito rapidamente. E ainda há outro indicador que os investigadores consideram alarmante e que prova a atividade coordenada: quase todas as contas seguidas pelos investigadores seguiram-nos de volta. “A técnica é usada principalmente para dar credibilidade à conta, pois parece mais legítima se tiver um grande número de seguidores”, explica o relatório.
“Se estivermos cercados em qualquer plataforma de rede social por contas do mesmo país, que publiquem no mesmo idioma e todas elas estiverem a dizer 'vote nesta pessoa', isso provavelmente funciona muito melhor do que a Coca-Cola dizer 'beba Coca-Cola'”, garante Robert van der Noordaa, co-fundador da Trollrensics.
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