JUROS

Manutenção dos juros nos EUA afeta a política monetária do Brasil

O Comitê de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Federal Reserve manteve os juros básicos da economia do país na faixa de 5,25% a 5,50% ao ano

Publicado em: 02/05/2024 08:15 | Atualizado em: 02/05/2024 08:20

Presidente do FED, Jerome Powell diz que inflação ainda preocupa  (crédito: Getty Images via AFP)
Presidente do FED, Jerome Powell diz que inflação ainda preocupa (crédito: Getty Images via AFP)

O Comitê de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Federal Reserve, o banco central americano, decidiu, nesta quarta-feira (1º) pela manutenção dos juros básicos da economia do país em seu atual patamar, em uma faixa de 5,25% a 5,50% ao ano. A decisão foi unânime entre os membros do comitê e esse continua sendo o maior nível das taxas desde 2001.

 

Analistas brasileiros já estudam o impacto da decisão no país. Uma das formas mais diretas em que a taxa de juros americana afeta o Brasil é por meio das taxas de câmbio. Com a percepção de que o início do ciclo de corte de juros nos Estados Unidos está cada vez mais distante, é esperado também um impacto no dólar sobre o real, que tende a ficar ainda mais pressionado, indicando também novas pressões sobre a inflação no país.

 

"A decisão do Fed de adiar cortes nas taxas de juros até pelo menos dezembro pode ter consequências significativas para a economia brasileira, fortalecendo o dólar e colocando pressão sobre o real, aumentando os custos de importação e contribuindo para a inflação interna. Como resposta, o Banco Central do Brasil pode ser forçado a manter ou elevar a taxa Selic para estabilizar a moeda e conter a inflação", disse André Colares, CEO da Smart House Investments.

 

A medida do Fomc veio em linha com o que já era esperado pelo mercado, nessa sétima manutenção consecutiva da taxa. Em comunicado, o comitê afirmou que não é apropriado reduzir os juros até ganhar mais confiança de que a inflação está se movendo de forma sustentável em direção à meta. "Nos últimos meses, não houve progresso em direção à meta de inflação a 2%", apontou o comunicado.

 

Em março, a inflação anual dos EUA foi de 3,5%, um aumento de 0,3 ponto percentual em relação ao mês anterior. Em coletiva de imprensa, o presidente do Fed, Jerome Powell, destacou que a economia fez progressos consideráveis em direção à meta, mas que "não está garantido".

 

"Até agora as leituras de inflação deste ano não nos deram tanta confiança. Reduzir os juros cedo demais ou muito tarde demais, ambos têm riscos. A política está bem posicionada para lidar com os riscos e incertezas que enfrentamos", afirmou o chefe da autoridade monetária.

 

A decisão foi anunciada horas depois da divulgação de estatísticas que confirmam o fortalecimento do mercado de trabalho. A grande novidade no comunicado do Fomc foi o anúncio da redução do balanço do Fed, de US bilhões para US bilhões por mês, a partir de junho, menos do que o esperado. A redução faz parte dos esforços para trazer a inflação de volta à meta de 2%. Segundo Powell, desacelerar o ritmo de redução do balanço do Fed garantirá uma transição suave para os mercados. Ele disse ser improvável que o próximo passo do banco central americano seja uma alta dos juros, mas disse que não tem grande confiança se haverá cortes neste ano.

 

As informações são do Correio Braziliense.

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