GUERRA
Israel impede agência de notícias dos EUA de transmitir imagens de Gaza
Autoridades israelenses teriam apreendido câmara e equipamento de transmissão da equipe da AP enquanto uma imagem do norte da Faixa de Gaza era filmada
Por: Isabel Alvarez
Publicado em: 22/05/2024 11:12
Segundo Israel, a AP violou a proibição que impuseram à televisão Al Jazeera (Foto: Ahmad Gharabli/AFP ) |
A agência de notícias norte-americana Associated Press (AP) denunciou que autoridades israelenses apreenderam uma câmara e equipamento de transmissão da sua equipe, no sul de Israel, de onde filmavam uma imagem geral do norte da Faixa de Gaza. “A AP lamenta veementemente as ações do Governo israelense para encerrar a nossa transmissão ao vivo de longa data que mostra Gaza e apreender o equipamento da AP", disse Lauren Easton, vice-presidente de comunicações empresariais da agência internacional.
A agência afirmou ainda que cumpre as regras de censura militar de Israel, que proíbe a transmissão de detalhes, como movimentos de tropas, que possam pôr em perigo os seus soldados. “As filmagens mostravam geralmente a fumaça sobre o território palestino”, disse a AP, acrescentando que a apreensão se seguiu a uma ordem verbal para cessar a transmissão, o que a agência de notícias norte-americana se recusou a fazer.
"O encerramento não se baseou no conteúdo da transmissão, mas sim numa utilização abusiva por parte do Governo israelense da nova lei de radiodifusão estrangeira do país", acusou Easton.
A vice-presidente da agência também apelou às autoridades de Israel para que devolvam o equipamento e permitam restabelecer a transmissão em direto. “Trata-se de poder continuar a fornecer este importante jornalismo visual a milhares de meios de comunicação social em todo o mundo”, defendeu.
Por sua vez, Israel argumentou que a AP violou a proibição que impuseram à televisão Al Jazeera, ao alegar que a AP tem o canal de satélite do canal do Catar entre os milhares de clientes que recebem transmissões de vídeo direto da agência. O governo de Tel Aviv ordenou o encerramento dos escritórios da Al Jazeera em Israel no dia 5 de maio, proibindo as transmissões e a difusão do site do canal catari no país.
Segundo o Ministério das Comunicações, seus funcionários chegaram às instalações da AP na cidade de Sderot, no sul do país, e apreendeu o equipamento, além de entregaram um documento, assinado pelo ministro das Comunicações, Shlomo Karhi, que declarava que a agência estava violando a lei sobre os organismos de radiodifusão estrangeiros. Também em um comunicado, o Ministério das Comunicações israelense assegurou que continuará a tomar todas as medidas necessárias para limitar as emissões que prejudiquem a segurança do Estado.
O líder da oposição israelense, Yair Lapid, apontou a medida como um ato de loucura. "Isto não é a Al-Jazeera. É um canal de notícias americano. Este governo age como se tivesse decidido garantir a todo o custo que Israel será evitado em todo o mundo", disse Lapid.
O porta-voz do secretário-geral da ONU, Stéphane Dujarric, também considerou chocante a apreensão de uma câmara e equipamento de transmissão da agência norte-americana Associated Press por parte de Israel e defendeu que os jornalistas possam trabalhar livres de assédio. "Vi os relatos na imprensa israelense e, francamente, é bastante chocante. Os jornalistas precisam poder fazer o seu trabalho livremente", disse Dujarric.
A Al Jazeera é um dos poucos canais internacionais de notícias que permaneceu em Gaza durante a guerra, transmitindo cenas de ataques aéreos, falta de alimentos e medicamentos, crianças e mulheres mortas e feridas, além de regiões destruídas e hospitais superlotados sitiados e bombardeados, acusando Israel de massacres. Já o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, chama a emissora de um "canal de terror" que difunde incitamentos contra Israel.
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