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Primeiro-ministro da Espanha avalia renunciar após escândalos

O anúncio ocorre após tribunal de Madrid abrir uma investigação preliminar sobre a esposa de Sánchez por suspeitas de tráfico de influência e corrupção empresarial

Publicado em: 24/04/2024 19:41

Primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez (foto: Pierre-Philippe MARCOU / AFP)
Primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez (foto: Pierre-Philippe MARCOU / AFP)

O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, declarou em uma carta à cidadania, nesta quarta-feira, que precisa parar e refletir e avaliar se continuará à frente do governo ou renunciar a esta honra. A decisão será anunciada na próxima segunda-feira, tendo cancelado inclusive sua agenda até lá. O anúncio de Sánchez ocorreu depois de um tribunal de Madrid abrir uma investigação preliminar sobre a sua mulher, Begoña Gómez, por suspeitas de tráfico de influência e corrupção empresarial em decorrência de uma denúncia apresentada por um grupo aliado à extrema-direita do país. 

 

“Este ataque não tem precedentes, é tão grave e tão grosseiro que preciso parar e refletir com a minha mulher. Apesar da caricatura que a direita e a extrema-direita política e midiática tentaram fazer de mim, nunca tive apego pelo cargo. Mas tenho pelo dever, o compromisso político e o serviço público”, afirmou Sánchez na carta à cidadania.

 

O Tribunal Superior de Justiça de Madrid indicou que uma investigação foi aberta no dia 16 e que o processo é “secreto”. Esta decisão do tribunal foi anunciada poucas horas após o jornal espanhol El Confidencial ter publicado também que os investigadores examinam os vínculos de Gómez com várias empresas privadas que receberem fundos e contratos públicos do governo.

 

O El Confidencial  ainda acrescentou que a investigação está relacionada com os supostos vínculos de Gómez com o grupo turístico espanhol Globalia, dono da Air Europa, num período em que mantinha negociações com o governo para obter um resgate em grande escala para a empresa devido à pandemia. Na ocasião, Begoña Gómez dirigia o IE África Center, que assinou um acordo de patrocínio com a Globalia em 2020, ano em que o governo forneceu uma linha de crédito à Air Europa.

 

“Num dia como hoje, e depois das notícias que tive, apesar de tudo, continuo a acreditar na Justiça do meu país”, disse o primeiro-ministro ao ser questionado no Congresso sobre a investigação.

 

Sánchez garantiu que Begoña defenderá a sua honra e vai colaborar com a Justiça, diante de fatos tão escandalosos em aparência como inexistentes e atentou para a gravidade dos ataques, citando a “máquina de lama” do escritor italiano Umberto Eco, que visa desumanizar e deslegitimar o adversário político através de denúncias tão escandalosas como falsas.

 

O primeiro-ministro acusou o líder da oposição, Alberto Núñez Feijóo, e ao líder da extrema-direita do Vox, Santiago Abascal de uma coligação de interesses de direita e extrema-direita que não toleram a realidade da Espanha, que não aceitam o veredicto das urnas e que estão dispostos a espalhar lama, com o objetivo de esconder os seus próprios escândalos de corrupção e ausência de agenda política, além de destruir pessoal e politicamente o adversário.

 

Por sua vez, o Partido Popular e o Vox acusaram Sánchez de vitimização e de ter feito um ato de pré-campanha do seu partido, o PP, para as próximas eleições na região da Catalunha.

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