AMÉRICA CENTRAL
OIM adverte para o agravamento da crise humanitária no Haiti
Onda de violência sem precedentes afeta o país desde fevereiro
Por: Isabel Alvarez
Publicado em: 04/04/2024 16:00
Enquanto a fumaça sobe do prédio do Ministério das Finanças atrás delas, pessoas deixam a área após ouvirem tiros de gangues armadas perto do Palácio Nacional em Porto Príncipe, no Haiti (Foto: CLARENS SIFFROY / AFP ) |
Nesta terça-feira, a Organização Internacional para as Migrações (OIM) alertou para o agravamento da crise humanitária e da segurança no Haiti, causado pela onda de violência sem precedentes que afeta o país desde fevereiro.
“Está soando o alarme sobre o agravamento da situação humanitária e a crise de segurança, que levou à deterioração do acesso à alimentação e em deslocações da população. Devido à violência, a prestação de assistência a uma população em desespero e com necessidades básicas é uma tarefa cada vez mais difícil, em comparação com o apoio dado no seguimento dos terremotos catastróficos em 2010, que provocaram dezenas de milhares de mortos e devastaram o país. O pessoal humanitário, incluindo o nosso, enfrenta desafios de segurança sem paralelo, equilibrando o imperativo de ajudar os outros com a dura realidade do risco pessoal", disse Philippe Branchat, chefe da OIM.
De acordo com Branchat, a crise se estende além dos limites da capital Porto Príncipe, atingindo regiões em todo o país, o que já levou a mais de 360 mil pessoas deslocadas, das quais quase um terço vive em condições deploráveis.
A OIM indicou ainda uma economia com grandes dificuldades. “Minha equipe psicossocial encontrou casos de tendências suicidas que já foram um tema tabu, mas que agora estão frequentemente sendo divulgadas, em especial entre as populações deslocadas. A falta de oportunidades econômicas, aliada a um sistema de saúde em colapso e ao fechamento de escolas, lança uma sombra de desespero, levando muitos a considerar a migração como o seu único recurso viável", adverte a organização.
"Apesar do agravamento da situação de segurança, 13 mil migrantes foram devolvidos à força ao Haiti pelos países vizinhos em março, 46% mais do que no mês anterior", afirma o comunicado da OIM, acrescentando a dificuldade para se obter um passaporte, que pode demorar meses ou até um ano.
O país tem sido devastado durante décadas pela pobreza, desastres naturais, instabilidade política e violência de gangues. Mas, desde o final de fevereiro, grupos criminosos e gangues do Haiti atacam forças policiais, o aeroporto, o porto marítimo além de invadir presídios e libertarem prisioneiros, mergulhando o país no caos, o que forçou a saída do primeiro-ministro, Ariel Henry, que renunciou em 11 de março para dar lugar a um conselho de transição.
No entanto, quase um mês depois, a formação do conselho ainda não foi concluída, por causa de divergências entre os partidos políticos e outras partes interessadas que deveriam nomear o próximo primeiro-ministro e também dúvidas sobre a própria legalidade de tal organismo.
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