Japão condena à morte acusado por incêndio mortal em estúdio de animação
Muitos dos mortos eram jovens, incluindo uma mulher de 21 anos
Publicado: 25/01/2024 às 10:13

O crime ocorreu em 2019/Crédito: Freepik
Um tribunal do Japão condenou à morte nesta quinta-feira(25) o homem que incendiou um estúdio de animação em 2019, onde morreram 36 pessoas.
O incêndio que há quatro anos e meio arrasou os estúdios da Kyoto Animation foi o crime mais mortal em décadas no Japão e chocou os fãs de anime no país e no exterior.
Na manhã de 18 de julho de 2019, Shinji Aoba, agora com 45 anos, entrou no edifício à força, lançou gasolina no piso e o incendiou ao gritar "caiam mortos", segundo os relatos dos sobreviventes.
As vítimas "foram cercadas pelo fogo e fumaça em um piscar de olhos(...) Sofreram uma morte agonizante quando o estúdio de repente virou um incêndio", disse o presidente do tribunal, Keisuke Masuda, em sua sentença.
Muitos dos mortos eram jovens, incluindo uma mulher de 21 anos. Muitos foram encontrados na escada que levava ao telhado do edifício, o que sugere que já estavam debilitados quando tentavam escapar.
"Uma pessoa pulou do segundo andar(...) não conseguimos ajudá-la porque o incêndio era muito forte", declarou uma mulher na época à imprensa local.
Mais de 30 pessoas ficaram feridas.
DELÍRIO
Aoba foi preso perto do local e respondeu a cinco acusações, entre elas, homicídio, tentativa de homicídio e incêndio criminoso. A promotoria pediu a pena de morte.
Seus advogados tentaram obter uma declaração de inimputabilidade ao afirmar que "não tinha capacidade de distinguir entre o bem e o mal, nem de deixar de cometer o crime devido a uma desordem mental".
Mas nesta quinta, o juiz determinou que Aoba "não estava insano nem tinha capacidade mental diminuído no momento do crime", segundo a NHK.
"Não pensei que tantas pessoas fossem morrer e agora vejo que me excedi", declarou Aoba ao tribul do distrito de Kioto, no início do julgamento em setembro.
Aoba tinha o "delírio" de que o estúdio havia roubado suas ideias, disseram os promotores, uma acusação negada pela empresa.
Aoba sofreu queimaduras em 90% do corpo e não recuperou a consciência e fala até semanas depois. Segundo a imprensa, passou por 12 cirurgias.
ME PARTE O CORAÇÃO
Fundado em 1981, o estúdio, então conhecido como KyoAni, ficou popular por séries televisivas como "The melancholy of Haruhi Suzumiya" e "K-ON!".
O presidente do estúdio, Hideaki Hatta, celebrou a decisão, mas destacou que "pensar nos funcionários que morreram (...) simplesmente me parte o coração".
Dezenas de fãs das animações do estúdio enfrentaram a neve e aguardaram a decisão em frente ao tribunal.
O Japão é um dos poucos países desenvolvidos que aplica a pena de morte, normalmente em casos de assassinatos com mais de uma vítima. O apoio da população a este castigo é alto.