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CONFLITO
Governo de Israel rejeitou criação de um Estado palestino no pós-guerra
O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu considera que essa solução colocaria em risco a segurança nacional
Publicado: 19/01/2024 às 15:52

Governo do líder israelita insistiu que um Estado palestino seria "uma realidade que prejudicaria a garantia de Israel"/Foto: Ahmad Gharabli/AFP
O primeiro-ministro de Israel afirmou aos Estados Unidos que é contra a criação de um Estado palestino em qualquer cenário de pós-guerra. Netanyahu considera que essa solução colocaria em risco a segurança nacional.
Netanyahu disse que Israel precisa de "mais segurança" no território a oeste da Jordânia, efetivamente rejeitando os apelos do seu principal aliado, os EUA, para reduzir a escala e a intensidade da sua ofensiva e apoiar a criação de um Estado palestino na Faixa de Gaza após o fim do conflito.
O governo do líder israelita além de ter revelado sua posição aos EUA, insistiu que um Estado palestino seria "uma realidade que prejudicaria a garantia de Israel". A Casa Branca reagiu de forma imediata e negativa: "Obviamente, vemos isso de forma diferente", disse John Kirby, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional norte-americano.
A Autoridade Nacional Palestina condenou as declarações de Netanyahu, que recusa a criação de um Estado palestino, e acusou-o de “extermínio” pelo prosseguimento da guerra na Faixa de Gaza.
Para a Autoridade Palestina, com um autogoverno limitado na Cisjordânia ocupada, essa estratégia continua a justificar o extermínio do povo palestino e a liquidação dos seus direitos. A chancelaria palestina acrescentou que através desta posição, o governo israelita rejeita qualquer alternativa de uma solução política que assente nas causas do conflito.
Chefe da diplomacia da UE critica Netanyahu
O responsável pela política externa da União Europeia, Josep Borrell, acusou hoje Israel de financiar o Hamas para "enfraquecer a Autoridade Palestina liderada pela Fatah". No entanto, o alto diplomata não forneceu provas concretas para apoiar a sua afirmação controversa.
As declarações foram feitas num discurso na Universidade de Valladolid, na Espanha, no qual Borrell também acusou o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu de fazer descarrilar "pessoalmente" qualquer tentativa de resolver o conflito israel-palestina que dura há décadas.
"A má notícia é que Israel, em particular o seu governo, se recusa completamente e ontem Netanyahu voltou a dizê-lo, como se estivesse a antecipar as minhas palavras de hoje, a aceitar uma solução (de dois Estados) que ele próprio tem boicotado nos últimos 30 anos", afirmou Borrell.
As palavras do chefe da diplomacia da UE foram ditas apenas um dia depois de Netanyahu ter rejeitado os apelos de Washington para a criação de um Estado palestino após a guerra e para também diminuir a ofensiva militar de Israel em Gaza e assim reduzir ainda as mortes de civis.
"Acreditamos que uma solução de dois Estados deve ser imposta do exterior para trazer a paz. Mas, insisto, Israel, ao continuar a rejeitar esta solução, chegou ao ponto de criar o próprio Hamas. Sim, o Hamas tem sido financiado pelo governo israelita para tentar minar a Autoridade Palestina da Fatah", apontou Borrell.
A chamada solução de dois Estados, que permitiria aos palestinos a criação de um Estado, é um dos princípios necessários nas visões europeias e ocidentais para uma Gaza quando findar a guerra. Borrell inclusive já descreveu a solução dos dois Estados como a "melhor garantia de segurança" de Israel.