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GUERRA

Catar se diz "horrorizado" com declaração de Netanyahu

Primeiro-ministro israelense teria descrito, em conversa com familiares dos reféns, o papel de Doha nas negociações como "problemático"

Publicado: 25/01/2024 às 15:32

Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel/Foto: AFP

Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel/Foto: AFP

Nesta quinta-feira (25), o Ministério das Relações Exteriores do Catar reagiu às declarações divulgadas ontem pelo Canal 12 de Israel de uma gravação de um diálogo em que alegadamente se ouve do primeiro-ministro israelense, com familiares dos reféns, ao descrever o papel de Doha nas negociações como "problemático". “Não tenho ilusões em relação a eles", indicou Benjamin Netanyahu na gravação, na qual acusa o Catar de financiar o grupo Hamas.
 
O chanceler do Catar, Majed Al Ansari, se declarou ‘horrorizado’. “Estamos consternados com as alegadas observações atribuídas ao primeiro-ministro israelita em vários relatos dos meios de comunicação social sobre o papel de mediação do Catar”, disse Ansari. 
 
A serem confirmadas estas declarações, considerou então, “são irresponsáveis e destrutivas para os esforços para salvar vidas inocentes, mas não são surpreendentes. Durante meses e após uma mediação bem-sucedida no ano passado, que levou à libertação de mais de uma centena de reféns, o Catar tem estado envolvido num diálogo regular com as partes envolvidas, incluindo instituições israelitas, tentando estabelecer um novo acordo de libertação de reféns e a imediata entrada de ajuda humanitária em Gaza”,  acrescentou o ministro das Relações Exteriores catari.
 
Por esse motivo, caso se confirme a veracidade das declarações, o Catar acusa Netanyahu de estar obstruindo e a minando o processo de mediação, para servir a sua carreira política, em vez de dar prioridade a salvar de vidas inocentes, incluindo reféns israelitas.
 
“Esperamos que Netanyahu decida agir de boa-fé e concentrar-se na libertação dos reféns”, concluiu Ansari.
 
Hoje, o ministro das Finanças israelita e líder do partido Sionismo Religioso, que integra o Governo de Israel, Bezalel Smotrich, também acusou o Catar, entre os principais mediadores das negociações com Hamas, de ser responsável pelo ataque de 7 de outubro, que reacendeu o conflito entre Israel e a Palestina. "O Catar é um país que apoia e financia o terrorismo. É o patrocinador do Hamas e é o principal responsável pelos massacres cometidos pelo Hamas contra cidadãos israelitas. Uma coisa é certa: o Catar não se vai envolver de forma alguma no que acontecer em Gaza depois da guerra", escreveu Smotrich na rede social X. 
 
Nos últimos dias, com o intensificar das operações militares no sul de Gaza, aumentou a discussão sobre a melhor forma de garantir a libertação dos reféns detidos pelo Hamas. Nos esforços de mediação estão o Catar, o Egito e os Estados Unidos, que tentam alcançar uma nova trégua, a libertação de mais reféns e fornecer mais ajuda humanitária ao enclave palestino.
 
Doha acolhe a liderança política do Hamas e, nos últimos anos, forneceu milhões de dólares em ajuda destinada à população de Gaza, que está sob o controle do grupo desde 2007.
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