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DIPLOMACIA

Aliados históricos da Rússia começam a se distanciar de Putin

Por: AFP

Publicado em: 25/11/2022 08:38

Presidente russo, Vladimir Putin (à direita), aperta a mão do primeiro-ministro armênio, Nikol Pashynyan (à esquerda), durante sua reunião antes da reunião dos líderes da Organização do Tratado de Segurança Coletiva (CSTO) em Yerevan em 23 de novembro de 2022. -  (Foto: KAREN MINASYAN / AFP)
Presidente russo, Vladimir Putin (à direita), aperta a mão do primeiro-ministro armênio, Nikol Pashynyan (à esquerda), durante sua reunião antes da reunião dos líderes da Organização do Tratado de Segurança Coletiva (CSTO) em Yerevan em 23 de novembro de 2022. - (Foto: KAREN MINASYAN / AFP)
A Rússia, além das dificuldades militares na Ucrânia, enfrenta tensões internas na Organização do Tratado de Segurança Coletiva (OTSC), a aliança militar promovida por Moscou para manter sua zona de influência no Cáucaso e na Ásia Central. 

Durante uma cúpula da OTSC em Yerevan (Armênia), o primeiro-ministro armênio, Nikol Pashinyan, denunciou a incapacidade de seus aliados de ajudar seu país na guerra com o Azerbaijão, com quem disputa o controle da região de Nagorno-Karabakh. 

Um artigo do OTSC prevê que, quando um dos países-membros sofre um ataque, os demais intervêm para defendê-lo, lógica semelhante à estabelecida pela Otan.

No entanto, apesar de seus repetidos pedidos, a Armênia não recebeu ajuda militar de seus aliados.

Pashinyan denunciou que isso representa "enorme dano à imagem da OTSC, tanto em nosso país como no exterior". 

Além de sua não intervenção na Armênia, o papel da Rússia como potência regional e mundial foi enfraquecido pelas dificuldades de seu Exército na Ucrânia, segundo seus aliados históricos.

"Acho que todos nós pensamos a mesma coisa: se a Rússia afundar - que Deus não permita - nosso lugar será sob os escombros", comentou o presidente bielorrusso Alexander Lukashenko, aliado do russo Vladimir Putin. 

"A Rússia está perdendo terreno. A confiança está enfraquecendo", segundo Murat Aslat, pesquisador do think tank Seta, com sede em Ancara. 

Em vez disso, a Turquia, que apoia o Azerbaijão na guerra com a Armênia, avança para fortalecer sua influência na Ásia Central.

"Falta de identidade"
 
Além da Rússia, Armênia e Belarus, Cazaquistão, Quirguistão e Tadjiquistão também fazem parte da OTSC. 

Muitos desses países duvidam, porém, do futuro dessa organização, ainda mais levando em conta as recentes tensões territoriais entre Quirguistão e Tadjiquistão. 

"Há cada vez mais competição, em vez de uma verdadeira cooperação e organização", considera Murat, que observa "uma falta de identidade e consenso sobre problemas comuns". 

As autoridades russas estão oficialmente satisfeitas com o resultado da recente cúpula da OTSC. 

Essa organização serve para "garantir a defesa de nossos interesses nacionais e a soberania e independência de nossos países", disse Putin. 

Mas a imprensa russa se mostrou menos satisfeita.

"Os aliados têm prioridades diferentes", enfatizou o jornal Kommersant na quarta-feira, enquanto o jornal Nezavissimaia Gazeta disse que "em Yerevan eles tentaram salvar a aliança do deslocamento", dadas as preocupações e interesses divergentes e a falta de solidariedade entre os países. 

Richard Giragosia, diretor do think tank Regional Studies Center, com sede em Yerevan, ironicamente renomeou a aliança como "uma organização de tratado de insegurança coletiva". 

Este analista acredita que Putin é o principal responsável por seu declínio. 

O futuro da OTSC não pode ser previsto, mas a perda de influência da Rússia abre as portas para que outras potências regionais ou mundiais aumentem sua influência na Ásia Central, como a Turquia ou a China. 

O gigante asiático, por exemplo, baseia sua influência geopolítica com a Organização de Cooperação de Xangai e seu projeto "novas rotas da seda".

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