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PANDEMIA

Alemanha e EUA reforçam medidas contra Covid-19

Publicado em: 03/12/2021 06:41

 (Foto: Mario Tama/AFP)
Foto: Mario Tama/AFP
A chanceler conservadora Angela Merkel e seu sucessor, o social-democrata Olaf Scholz, deixaram as diferenças políticas e ideológicas de lado e uniram forças para combater a ômicron, cepa recém-descoberta do Sars-CoV-2. A Alemanha anunciou restrições rígidas para os não vacinados contra a Covid-19. A chamada regra "2G" praticamente bane da vida pública todos os cidadãos que não se vacinaram. Eles estão proibidos de frequentar bares, restaurantes, espaços de lazer e estabelecimentos não essenciais. "A situação é muito, muito complicada", admitiu Scholz, que deve assumir o governo na próxima quarta-feira.

A 6.706km dali, em Washington, o presidente norte-americano, Joe Biden, divulgou um plano de nove pontos para proteger a população das variantes delta e ômicron no inverno, que começa em 18 dias. Entre eles, estão doses de reforço para todos os adultos, testagem gratuita em domicílio, imunização de crianças e equipes de resposta rápida para aumento de casos. Os Estados Unidos anunciaram o primeiro caso de transmissão comunitária da ômicron — um cidadão de Minnesota que esteve recentemente em Nova York e não viajou ao exterior.

O epidemiologista alemão Tobias Kurth, diretor do Instituto de Saúde Pública da Charité Universidade de Medicina de Berlim, admitiu ao Correio que as medidas anunciadas por Merkel e Scholz são "uma consequência esperada do aumento da taxa de infecções pela Covid-19, principalmente entre os não imunizados". A chanceler antecipou que a Alemanha poderá adotar a vacinação compulsória a partir de fevereiro. "Se confirmada pelo Bundestag (Parlamento), essa decisão será necessária para proteger a população, tanto quanto possível, de futuras ondas da pandemia", observou Kurth.

De acordo com o especialista, embora a comunidade científica precise aprender mais detalhes sobre a variante ômicron, as medidas tomadas pela Alemanha são "a melhor resposta para manter as consequências da cepa moderadas".

Sob a condição de não ter o sobrenome revelado, o paramédico alemão Marco H., morador de Münster (474km a sudoeste de Berlim), elogiou o lockdown para não vacinados, mas reforçou que a medida deveria ter sido aplicada antes. "Muitos hospitais estão lotados. Demorará entre uma e duas semanas para vermos os efeitos da ômicron nas internações. A verdade é que eu não teria me importado com um confinamento curto e rigoroso para toda a população, vacinada ou não, para reduzir rapidamente as infecções", disse ao Correio.

Em seu trabalho como paramédico, Marco disse que um caso específico o sensibilizou. "Era um homem de 50 e poucos anos, um pouco acima do peso. A filha levou a Covid-19 para dentro de casa. Ele ficou doente e, depois de alguns dias, nos telefonou à noite e contou que não conseguia respirar. Tinha febre e a saturação do oxigênio havia caído para 75%. No caminho até o hospital, perguntou-se me ficaria bom logo. Ele ficou entre três e quatro meses na UTI, mas não resistiu", relatou.

Até o fechamento desta edição, a União Europeia (UE) tinha registrado 79 casos da ômicron em 15 dos 27 países do bloco. A França publicou um decreto, ontem, no qual determinava novas medidas rígidas a partir da zero hora de sábado. Todas as pessoas com 12 anos ou mais terão que apresentar teste negativo para entrar em território francês. O exame precisa ser datado de até 48 horas antes da viagem.

Estados Unidos
Por meio do Twitter, o presidente Joe Biden anunciou que todos os viajantes internacionais que chegarem aos EUA terão que se submeter ao teste de detecção da Covid-19 na véspera do embarque, independentemente do status da vacinação ou da nacionalidade. "O intervalo de tempo da testagem masi rígido fornecerá um grau adicional de proteção, enquanto os cientistas continuam a estudar a ômicron", declarou. Segundo a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, os exames e as exigências de vacinação poderiam se estender eventualmente também aos voos nacionais.

Mais cedo, em discurso direto do Instituto Nacional de Saúde, em Bethesda (Maryland), Biden avisou: "É um plano que acho que deveria nos unir". "Sei que a Covid-19 tem sido muito divisiva. Neste país, tornou-se um tema político (...), o que é uma triste constatação. Não deveria sê-lo, mas tem sido", acrescentou.

A Casa Branca subsidiará o uso de kits caseiros de testagem — o seguro de saúde cobrirá 100% de seu custo. Os cidadãos que não têm plano contarão com maior disponibilidade de kits gratuitos.

O governo Biden defendeu as restrições a viajantes de oito países da África Austral não como um "castigo", mas como medida de segurança. "Isto não pretende ser um castigo, são medidas recomendadas por nossos funcionários de saúde pública e por especialistas médicos. Ninguém quer que isso seja permanente", disse Psaki.
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