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Pesquisa cientifica indica que coronavírus pode se inserir no genoma humano
Publicado: 12/05/2021 às 19:19

/Foto: Pascal Guyot/AFP
Em um novo estudo realizado pelo Instituto Whitehead em Massachusetts (EUA) apontaram que os resultados confirmam a hipótese já levantada de que as sequências do novo coronavírus poderiam ser copiadas e aderidas no genoma humano. A pesquisa foi divulgada na prestigiada revista PNAS, publicação oficial da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos, e demonstra o porquê de que alguns pacientes permaneçam testando positivo para à Covid mesmo muito tempo após a recuperação, revelando como o SARS-CoV-2 se insere no genoma.
Os pesquisadores do Instituto Whitehead além de buscar fragmentos genéticos de coronavírus humano e observarem sinais de que o vírus comandava ferramentas de transcrição, também procurou evidências da existência de sequências do vírus realmente dentro do genoma humano. Para isso, os cientistas utilizaram três técnicas de sequenciamento de DNA.
Em cada caso, eles localizaram fragmentos de material genético do SARS-CoV-2 dentro da biblioteca genética de células intencionalmente infectadas, e o fato de os fragmentos terem sido inseridos de cabeça para baixo ainda acrescenta peso ao argumento de que não foram inseridos deliberadamente por vírus vivos. Logo em seguida, ainda foi descoberto que o código genético tinha assinaturas de transposão, um gene de salto que desenvolveu um meio para sair do lugar e se inserir de volta em outra parte do genoma.
Além disso, determinados transposões conseguem fazer esse processo por meio do uso de enzimas roubadas de infecções virais passadas. As ferramentas que foram usadas uma vez pelo vírus para se inserirem dentro do hospedeiro, agora não servem para o dono, a não ser para própria sequência transponível. Uma dessas classes de sequência, chamada de retrotransposão LINE1, compõe 17% de nosso genoma.
Apesar de a maioria ter perdido a capacidade de se movimentar, alguns estão suficientemente ativos para ainda causar danos, o que pode abrir o acesso do SARS-CoV-2 ao DNA. "Há uma junção muito clara para a integração do LINE1. Na junção da sequência viral com o DNA celular ele faz duplicação de 20 pares de base", informou Rudolf Jaenisch, pesquisador do estudo e biólogo no Instituto Whitehead.
Entretanto, este trabalho foi realizado em culturas de células infectadas em laboratório e, não em hospedeiros humanos reais, o que gera ainda dúvidas. Por isso, embora os fragmentos não sejam capazes de construir novas partículas infecciosas, não está totalmente claro se podem ser biologicamente ativos de outras formas, seja de modo positivo ou negativo.
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